O movimento de independência dos últimos países africanos que, em pleno século 20, ainda eram explorados por europeus, eclodiu em 1963. A data de 25 de maio ficou internacionalmente conhecida como Dia da Libertação Africana, atualmente Dia da África.
Na Etiópia, região nordeste do continente, líderes de 30 nações africanas se reuniram para criar a Organização da Unidade Africana (OUA), atualmente conhecida como União Africana, como 55 países membros. O país era governado pelo imperador Hailé Selassié I (Rás Tafari), que tinha como foco a valorização da cultura, da autonomia e da tradição africana. A nação nunca se rendeu ao colonialismo, apesar dos ataques dos fascistas italianos durante o governo Mussolini, nos anos 30. Selassié I foi príncipe regente, entre 1916 e 1930, e imperador até a sua morte em 1974.
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Em 1963, África do Sul, Rodésia do Sul, Moçambique e Angola ainda eram colônias exploradas por países europeus, enquanto mais de dois terços dos países do continente já tinham conquistado a independência. Um dos objetivos da conferência em Adis Adeba, capital do império etíope, era o apoio aos movimentos, emancipação e retomada das tratativas de união continental do Primeiro Congresso dos Estados Africanos Independentes, ocorrido em Gana, cinco anos antes, em 1958.
“Os esforços de libertação das nações se estenderam até os anos 90. Nos quarenta anos seguintes, eclodiram várias guerras de independência nos países do continente africano. O que foi isolando a África do Sul, onde ainda se mantinha o Apartheid”, explica o doutor em economia internacional Paris Yeros, professor da Universidade Federal do ABC, em entrevista à Alma Preta Jornalismo.
Leia também: O Dia da África e os movimentos de libertação do continente multiétnico e cultural
Após a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), as nações europeias perderam o prestígio de influência econômica global. Ao mesmo tempo, a União Soviética teve uma ascensão política com o regime socialista, inspirando a ideia de liberdade e autonomia das nações em diversas regiões do mundo, inclusive na África.
“Atualmente, a influência européia na África é grande, principalmente por conta das empresas multinacionais e das finanças. Esse quadro mudou parcialmente com a entrada da China que reestruturou o comércio e mantém relações muito estreitas com países exportadores de petróleo e minérios”, detalha Yeros.
A situação de independência econômica das nações africanas melhorou na comparação com o longo período de exploração colonialista, porém ainda não é suficiente para suplantar as marcas deixadas pelos colonizadores na África.
“A questão do dinamismo econômico não é tão simples. Alguns países podem ter o PIB (Produto Interno Bruto) grande, mas são economias extrovertidas, com foco nas exportações e sem preocupação em criar uma base de consumo interno ampliado. O que não reflete em melhorias nas condições sociais ou de trabalho”, pondera o professor.
A melhoria das condições econômicas, sociais, democráticas e de Direitos Humanos nos países da África é o objetivo da União Africana, criada em 2002, e que hoje tem como membros todos os 55 países do bloco. Em 2021, a UA tem atuado na ajuda financeira e humanitária para conter a expansão da pandemia da Covid-19.