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Djibouti recebe primeira base militar chinesa na África

14 de julho de 2017

País tem a única base africana permanente dos Estados Unidos, dedicada para o combate ao terrorismo; presença chinesa pode ser motivo de tensão

Texto e edição de imagem: Solon Neto
Foto: XINHUA NEWS/ Da esquerda para a direita: Ismaïl Omar Guelleh e Xi Jinping, presidentes do Djibouti e da China, repectivamente, durante encontro em 2015, na capital da África do Sul.

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A agência de notícias estatal chinesa Xinhua, anunciou esta semana a inauguração da primeira base internacional chinesa. A base foi estabelecida no Djibouti, país do continente africano. Segundo a agência, navios com militares chineses foram enviados do sul da China em direção ao país africano no dia 11 de julho.

O mesmo site aponta informações do Exército Popular da China (People’s Liberation Army) dizendo que a base será estabelecida por interesse comum dos países. De acordo com os militares, a base servirá para cooperação militar, exercícios militares conjuntos, evacuação de cidadãos chineses e ação conjunta para proteção de vias marítimas internacionais consideradas estratégicas.

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A China já é a maior parceira comercial de boa parte dos países da África e tem lançado diversos programas de infraestrutura no continente. Foi responsável, por exemplo, pela construção da sede da União Africana, a única organização continental do mundo que abarca todos os países de seu território.

O Djibouti é um país com cerca de 900 mil habitantes, localizado na região conhecida como Chifre da África, e faz fronteira com Eritreia, Etiópia e Somália. O país tem 94% de sua população como praticante do Islã e uma minoria cristã. Sua língua oficial é o francês e sua independência da França foi alcançada em 1977.

Bases rivais e continente em disputa

Em fevereiro, a presença militar chinesa no país foi identificada como uma ameaça aos Estados Unidos da América (EUA) e ferramenta de proteção a interesses comerciais no site do jornal americano The New York Times. O porquê da ameaça está na presença da base militar americana no local, a famosa base de Camp Lemonnier, lar de 4.000 soldados dos EUA. Além disso, a rivalidade sino-americana deve aumentar com a presença dos asiáticos no país africano.

A base americana é uma das maiores e mais importantes bases militares do país fora de seu território. Apesar de ser a única base americana permanente no continente, há presença militar do país em diversos outras nações da África. Em 2014, o jornal americano Washington Post publicou um mapa mostrando que há presença militar dos Estados Unidos em pelo menos 13 países africanos: Mali, Burkina Faso, Níger, Nigéria, República Central Africana, Congo, Sudão do Sul, Uganda, Quênia, Etiópia, Djibouti e Somália. As bases fazem parte do Comando Militar Americano na África (AFRICOM).

A base permanente do Djibouti foi estabelecida após os ataques de 11 de setembro de 2001. Desde então, serve de apoio para o combate ao terrorismo na região e no Oriente Médio. Camp Lemonnier é também centro de operações para ataques com drones e monitoramento da região do Chifre da África e do Oriente Médio. Foi protagonista em recentes conflitos no Iêmen. A presença das duas superpotências em um mesmo país é mais um capítulo da disputa silenciosa entre China e EUA.

O The New York Times também cita dados da presença chinesa com 2.400 soldados em missões de paz na África da Organização das Nações Unidas (ONU), que teria servido ao mesmos propósitos da base no Djibouti. Esses propósitos seriam de manutenção das missões e escolta de navios na região da Somália, onde é comum a presença de piratas. Mais de 6.000 missões de escolta já teriam sido realizadas pelos chineses na região, acompanhando navios de diversos países.

A China tem indústrias em território africano, o que levou milhares de chineses para o continente. A política pró-África chinesa, vista por alguns críticos como imperialista e exploratória, pode ser a razão da construção de sua primeira base internacional em território africano, assim como seus interesses comerciais na Nova Rota da Seda, plano comercial chinês que envolve Ásia, Europa e África, e passará pelo Oriente Médio.

Esses interesses se traduziram em cooperação econômica muito além de ajuda humanitária, o que vinha sendo um padrão americano de relação com a África. Entre 2008 e 2016, as importações de mercadorias entre Estados Unidos e África caíram cerca de 76%, segundo os dados do United States Census Bureau. A queda nas relações comerciais é menor quando se considera o volume do total, diminuindo para 65%. A diminuição pode ser explicada pela destruição industrial causada pela crise de 2008 e pela queda no preço do petróleo, principal produto importado do continente pelos Estados Unidos.

Desde 2009, a China ultrapassou os Estados Unidos como maior parceiro comercial da África e desde então a distância só aumenta. Em 2013, os Estados Unidos somaram cerca de 85 bilhões de dólares em comércio com os africanos, enquanto os chineses mais que dobraram essa cifra, com 210 bilhões de dólares.

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