Na sexta-feira (17), o presidente de Moçambique, Daniel Chapo, nomeou sua nova premiê e 12 ministros, todos membros do partido governista Frelimo — à frente do país há quase 50 anos, desde a conquista da independência oficial de Portugal, em 1975, após uma década de luta armada protagonizada pelo partido.
Entre os nomes apresentados por Chapo estão a ex-ministra da Justiça, Maria Benvinda Delfina Levi, nomeada como primeira-ministra, e o ex-ministro da Defesa, Cristovão Artur Chume, reconduzido ao cargo. Vários ministros, incluindo os de educação, juventude e esporte, ainda não foram anunciados.
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O novo mandatário, sucessor de Filipe Nyusi, foi empossado na quarta-feira (15), em cerimônia protegida e em meio a alegações de fraude eleitoral pela oposição e semanas de manifestações violentas.
Diante dos protestos, Chapo afirmou em seu discurso de posse que o diálogo político está em andamento para reunificar o país. “Não descansaremos enquanto não tivermos um país unido e coeso no caminho da construção do bem-estar de todos”, disse.
Especulava-se, segundo informações da agência AFP, que Chapo poderia oferecer à oposição cargos de alto escalão para acalmar as manifestações, mas nenhuma concessão desse tipo foi anunciada.
Ao longo dos protestos em Moçambique após as eleições, pelo menos 307 pessoas foram mortas, incluindo sete no dia da posse de Chapo, de acordo com a ONG Plataforma Decide.
Também na sexta-feira, o principal líder da oposição, Venancio Mondlane, divulgou um discurso no Facebook pedindo paz e insistindo que ganhou a votação. Mondlane tem usado amplamente as redes sociais para defender sua posição de que houve fraude nas eleições. “Há um imperativo, há uma demanda para acabar com toda a violência contra a população”, disse Mondlane.
Em resposta às críticas sobre o uso da força pela polícia, Chapo disse no dia de sua posse prometeu a criação de um órgão de controle independente com supervisão civil para investigar “possíveis más condutas atribuídas a membros da força policial”.