Na quinta-feria (26), o principal líder da oposição de Moçambique, Venancio Mondlane, do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), acusou as forças de segurança moçambicanas de incentivar saques e distúrbios para que o partido da situação possa declarar um estado de emergência após as eleições.
Na segunda-feira (23), o Tribunal Supremo de Moçambique confirmou que o partido Frelimo — no poder desde a independência de Portugal, em 1975 — venceu a eleição presidencial realizada em 9 de outubro. Antes mesmo da confirmação, o país já vivia semanas de distúrbios e protestos com dezenas de mortes, além de uma recente fuga em massa de mais de 1.500 detentos de uma prisão de segurança máxima.
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O líder da Frelimo, Daniel Chapo, obteve 65,17% dos votos. Já seu principal adversário, Venancio Mondlane, alegou que a eleição foi fraudada e declarou que pretende assumir o cargo.
“Os alvos das nossas manifestações são o Conselho Constitucional, a comissão eleitoral e o próprio partido Frelimo. São esses, são os culpados da fraude”, disse Mondlane em um vídeo publicado nas redes sociais.
Para ele, não há “nenhuma ação policial” contra saqueadores, acrescentando que eles estavam “quase que incentivando as pessoas para atacar e para roubar”. Segundo ele, isso faz parte de um plano para descredibilizar as manifestações e gerar um clima propício para ações mais severas.
“Está mais do que claro que esses atos de vandalismo tem a ver com um plano, já feito antes, para decretar um estado de sítio, um estado de emergência”, acrescentou.
Mondlane costuma usar principalmente o Facebook e o WhatsApp para se comunicar diretamente com seus apoiadores. Em ambas as redes, divulga vídeos nos quais acusa o governo de diversos níveis de manipulação e reitera as denúncias de suposta fraude eleitoral.
Os distúrbios já causaram a morte de pelo menos 150 pessoas, de acordo com diversos relatos de organizações não governamentais. Além disso, milhares de pessoas foram presas.
Texto com informações da AFP.