Mais de 1.500 detentos escaparam nesta quarta-feira (25) de uma prisão de alta segurança em Maputo, no terceiro dia de agitação que toma conta de Moçambique desde a confirmação da controversa vitória eleitoral do partido governista Frelimo. A oposição denuncia fraude no pleito, aumentando as tensões no país.
Segundo o chefe da polícia nacional, Bernardino Rafael, “1.534 reclusos fugiram” da Cadeia Central de Maputo, localizada a cerca de 15 quilômetros da capital. Durante a fuga, houve confrontos com agentes penitenciários, resultando em 33 mortos e 15 feridos entre os detentos. As operações de buscas recapturaram 150 fugitivos até o momento.
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Entre os presos foragidos, destacam-se 30 condenados ligados a organizações jihadistas que aterrorizam a província de Cabo Delgado, no norte do país. “Foram libertados 29 terroristas, e estamos preocupados com esta situação”, declarou Rafael.
A fuga aconteceu após grupos de manifestantes se aproximarem da penitenciária, provocando tumultos que levaram presos a quebrarem uma parede para escapar.
Escalada de violência
Desde segunda-feira (23), barricadas e protestos têm paralisado Maputo. Ambulâncias foram incendiadas, lojas saqueadas, e manifestantes montaram mesas nas ruas para celebrar o Natal enquanto bloqueiam áreas.
Nos últimos dois meses, pelo menos 250 pessoas morreram em manifestações e confrontos com as forças de segurança. Após a confirmação da vitória eleitoral da Frelimo, na segunda-feira, o governo informou a morte de 21 pessoas, incluindo dois policiais.
Grupos armados atacaram delegacias, centros de detenção e outras infraestruturas. Antes da fuga em massa desta quarta-feira, 86 presos já haviam escapado de outra prisão.
Raiz do conflito
A crise atual foi desencadeada pela validação da vitória de Daniel Chapo, candidato da Frelimo, pelo Conselho Constitucional. Chapo obteve 65% dos votos nas eleições de 9 de outubro, contra 24% do opositor Venâncio Mondlane.
Mondlane rejeitou os resultados, denunciando fraudes generalizadas e alertando que atribuir a vitória à Frelimo mergulharia o país no “caos”. Ele permanece em exílio e prometeu um “levantamento popular sem precedentes”.
Autoridades temem que os fugitivos se unam a grupos criminosos, agravando a já frágil segurança. “Grupos com armas brancas e de fogo têm atacado delegacias e outras instalações”, afirmou o ministro do Interior, Pascal Ronda. Com o aumento da tensão, o chefe da polícia do país prevê um agravamento da insegurança nos próximos dias.