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Apenas um país do continente africano está com a imunização acima da média mundial

No mundo, 15,47% da população já está totalmente imunizada e 14,56% tomou ao menos a primeira dose. Na África, onde vive 40% da população mundial, só o Marrocos ultrapassa essa média de imunização

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Unicef/Thoko Chikondi

vacinação de imunização do covid-19 em Malaui, na África (ONU)

9 de agosto de 2021

A imunização global contra a Covid-19 atingiu agora em agosto a marca de 30,03% de vacinados – o que representa a soma de 15,47% com imunização completa e 14,56% com, ao menos, uma dose da vacina. No continente Africano, onde vive cerca de 40% da população do planeta, só Marrocos tem índices acima dessa média, segundo as comparações do site Our World in Data, com informações de centros de pesquisas e governos.

“Sem um movimento político maior de redirecionamento de vacinas para quem mais precisa só crescem os riscos para todos. O impacto de manter uma parte considerável da população mundial com taxa de vacinação muito baixa, leva ao desenvolvimento de variantes mais resistentes às vacinas e a eficácia das vacinas cai. Deixar o continente africano sem vacina é aumentar o risco de todo o planeta. A doença é social e a transmissão é comunitária, não é individual”, diz o médico Márcio Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica da USP.

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Em Marrocos, que fica no norte do continente africano, 29,54% da população está totalmente imunizada e 11,28% têm imunização parcial, com uma dose da vacina, o que dá um índice de imunização de 40,82%.

“A situação da África é difícil, mesmo nos lugares que têm um pouco mais de vacina a quantidade é extremamente baixa. A perspectiva é de aumento dos casos de contaminação no continente africano, por conta da chegada de novas variantes, períodos sazonais um pouco mais intensos de inverno, além da circulação do vírus sem muita vacinação e sem a infecção prévia nas ondas anteriores”, disse o médico Márcio Bittencourt, mestre em saúde pública.

Nos demais países africanos, com melhores dados de vacinação, a taxa ainda é muito baixa. A África do Sul conseguiu imunizar 11,58% da população, sendo 5,55% de forma parcial e 6,03% de forma total. Egito tem 3,76% de índice de vacinação (1,77% total e 1,99% parcial); Angola tem 2,95% (2,16% total e 0,79% parcial); Gana tem 2,79% (1,31% total e 1,48% parcial); Quênia tem 2,04% (1,29% total e 0,75% parcial); Sudão tem 1,44% (0,42% total e 1,02% parcial); Moçambique tem 1,27% (1,03% total e 0,24% parcial) e a Nigéria tem 1,23% (0,68 total e 0,55% parcial).

“O dado mais favorável em relação ao continente africano é que com a população mais jovem a taxa de complicação é um pouco mais baixa, e a taxa de mortalidade é um pouco mais baixa, mesmo assim é muito delicado e preocupante o índice tão baixo de vacinação”, pontua Bittencourt.

Os países no planeta com maiores índices de imunização contra o Covid-19 são: Canadá (72,05%), Espanha (70,88%) e Reino Unido (69,29%), Itália (65,55%) e França (65,14%).

Em relação a contaminação média diária, levando em conta os dados dos últimos sete dias, os relatos de maior número de novas infecções no continente africano são na África do Sul com 10.786 casos, Marrocos com 8.669 casos, Tunísia com 2.874 casos. Além de Líbia com 2.393 casos e Botsuana com 2.269 casos.

Marrocos e África do Sul também estão entre os países africanos com mais mortes registradas. A cada dia, são 349 mortes na África do Sul, 190 mortes na Tunísia, 62 mortes no Marrocos, 48 mortes no Zimbábue e 36 mortes na Argélia.

Desde o começo da pandemia, 2,4 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírua. Em janeiro de 2021, no pico da contaminação, a média diária era de 21,6 mil novos casos.

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