Nesta sexta-feira (3), o presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, anunciou que, a partir deste ano, o país passará a permitir a entrada sem visto para todos os portadores de passaportes africanos.
O anúncio sobre a mudança da política de vistos foi feito durante um discurso de estado da nação diante do parlamento ganês. A medida vai na direção de ampliar a integração econômica entre os países do continente, segundo informa a agência AFP. Um visto é um documento de autorização de entrada de um cidadão em um determinado país e pode incluir regras adicionais.
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“Esse é o próximo passo lógico para a Zona de Livre Comércio Continental Africana [AfCFTA, na sigla em inglês] e o funcionamento do maior bloco comercial do mundo”, disse Akufo-Addo diante do parlamento.
A zona de livre comércio da África entrou em vigor em 2021 e é a maior área de livre comércio continental do mundo em número de países. A medida da União Africana (UA) engloba 54 dos 55 países do continente.
“Todos esses são elementos essenciais para a realização da Agenda 2063 da UA, que prevê uma África integrada e conectada até 2063”, acrescentou, referindo-se ao plano de desenvolvimento da UA para um período de 50 anos.
Além de Gana, países como Ruanda, Seychelles, Gâmbia e Benin já oferecem a entrada sem visto para viajantes africanos.
Anteriormente, Gana permitia o acesso sem visto a cidadãos de 26 países africanos e vistos na chegada para viajantes de outros 25. Somente no caso de Eritreia e Marrocos, o visto era exigido antes da entrada.
A política de isenção também está ligada aos esforços recentes de Gana para fortalecer sua reputação internacional, como na campanha “Ano do Retorno”, de 2019, que celebrou a diáspora africana e lembrou os 400 anos do comércio transatlântico de escravizados. Além da memória, a medida incentivou que cidadãos estrangeiros de ascendência ganesa visitassem o país.
Gana se tornou independente do Reino Unido apenas em 1957 e teve seu primeiro presidente eleito em 1960, o histórico líder socialista e pan-africanista Kwame Nkrumah. A partir daí o país viveu uma série de golpes de Estado intercalados por períodos democráticos. A atual república existe desde 1993 e nela um presidente pode ter no máximo dois mandatos.
Após dois mandatos consecutivos, o atual presidente Akufo-Addo se prepara para deixar o cargo na segunda-feira (6). Em seu lugar, assumirá o presidente eleito John Mahama, que venceu o adversário Mahamudu Bawumia, do partido de Akufo-Addo, nas eleições de 2024. Mahama foi presidente do país entre 2012 e 2017.