O Museu do Palácio Manhyia, em Gana, inaugurou na última quarta-feira (1) uma exposição que traz artefatos raros do Reino de Ashanti, roubados durante o processo de colonização.. As 32 peças de ouro e prata foram devolvidas devido a um acordo firmado em janeiro desse ano.
A cerimônia de inauguração, realizada na cidade de Kumasi, contou com a presença do atual rei Otumfuo Osei Tutu II. “Hoje é um grande dia para os Ashanti, um grande dia para o continente negro africano, e os espíritos estão conosco novamente”, comentou a autoridade.
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A devolução, no entanto, é em caráter temporário. O Museu Britânico e o Victoria & Albert Museum, ambos ingleses, acordaram com um empréstimo de três anos, podendo ser renovado por mais três anos consecutivos.
Os artefatos foram saqueados pelas forças militares britânicas durante as guerras anglo-assírias do século XIX. O reino de Ashanti foi dissolvido pelo império britânico em meados de 1902, mas foi reestruturado como “Estado subnacional tradicional” reconhecido pela Constituição da República de Gana.
Entre as peças devolvidas, está incluída a “Mpomponsuo”, nome dado à espada do reino. As insígnias de ouro dos oficiais de Ashanti, que eram autorizados a realizar cerimônias de purificação do rei, também foram devolvidas ao Museu.
As devoluções ocorrem em meio a um movimento de pressão aos museus pertencentes aos países colonizadores, que exibem até hoje artefatos oriundos da exploração colonizatória.
Para o diretor do Victoria & Albert Museum, Tristram Hunt, a restituição dos objetos acontece para abordar “a história muito dolorosa que envolve a aquisição desses objetos, uma história marcada pelas cicatrizes do conflito imperial e do colonialismo”.
Em fevereiro deste ano, o Museu Fowler, dos Estados Unidos (EUA), também realizou a devolução de sete artefatos reais saqueados pelas potências coloniais norte-americanas.