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Investigação sobre linchamento de garoto é retomada nos EUA após mais de 60 anos

13 de julho de 2018

Emmet Till tinha 14 anos quando foi brutalmente executado, em 1955, por motivo torpe resultante de racismo estrutural; nova versão de depoimento de testemunha motivou reabertura do caso

Texto / Amauri Eugênio Jr.
Imagem / Divulgação

As investigações sobre a execução do jovem Emmett Till, 14, foram retomadas pelo Departamento de Justiça dos EUA.

Em 1955, Till, que morava em Chicago e havia viajado ao Mississipi durante as férias de Verão – no Hemisfério Norte – para visitar parentes. Todavia, durante esse período, ele foi sequestrado e torturado até a morte por Roy Bryant e seu meio-irmão, J.W. Milan.

A reabertura do caso ocorreu em março deste ano, mas obteve destaque apenas esta semana, após a Associated Press ter noticiado o fato. Vale ressaltar que a morte de Till havia sido investigada em 2004, quando seus restos mortais foram exumados, mas o caso foi arquivado por ter prescrito.

O caso

A brutalidade dos irmãos que executaram Till teve motivação racial e teve como estopim uma mentira. Carolyn Donham, que tinha 21 anos à época, era balconista de estabelecimento ao qual Till havia ido para comprar doces. De acordo com Donham, o garoto a havia assediado em âmbitos físico e verbal – amigos e primos de Emmett o haviam desafiado a falar com ela e o garoto o fez, mas sem o caráter violento que havia sido relatado.

O episódio enfureceu Bryant, proprietário do estabelecimento e marido de Carolyn Donham, que sequestrou o garoto com o auxílio de Milan quatro dias após o fato. Os dois irmãos espancaram Till, atiraram em sua cabeça e jogaram o corpo dele no rio – o cadáver seria encontrado três dias após a tragédia.

O modo como Bryant e Milan torturaram Till deixaram o rosto do garoto desfigurado e o corpo mutilado. A morte do adolescente foi um dos estopins que motivaram o início do movimento de direitos civis nos EUA.

Julgamento e reviravolta

Os irmãos autores da execução foram indiciados pelo crime e julgados por júri composto por homens brancos – coincidência ou não, foram rapidamente absolvidos.

À época, os dois alegaram que pretendiam dar um susto em Emmett Till e “colocá-lo em seu lugar”, mas o modo insolente como ele agiu, de acordo com a dupla, foi determinante para o garoto ser executado.

J.W. Milan morreu em 1980 e Roy Bryant faleceu em 1994. Ambos viveram até o fim de seus respectivos dias com suas trajetórias ilesas apesar do crime que cometeram.

Em 2008, 53 anos após a tragédia, Carolyn Donham confessou que a sua versão para o fato era falsa. De acordo com ela, que hoje tem 83 anos e vive na Carolina do Norte, o assédio não ocorreu e “nada do que aquele menino fez jamais poderia justificar o que aconteceu.”

O depoimento de Donham foi incluído no livro “The Blood of Emmett Till” (“O Sangue de Emmett Till”, em tradução livre do inglês), escrito por Thimothy Tyson e lançado em 2017.

De acordo com familiares de Emmett Till, a reabertura do caso é “maravilhosa”. Contudo, eles não deram mais declarações sobre o caso para não prejudicar a investigação.

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