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Líderes africanos buscam cessar-fogo na República Democrática do Congo

Chefes de Estado da África Oriental apelam por fim imediato das hostilidades enquanto confrontos entre forças congolesas e rebeldes do M23 intensificam deslocamentos
Acampamentos de pessoas deslocadas em Goma, na província de Kivu do Norte. Na quarta-feira (29), lideranças africanas se reuniram para discutir o cessar-fogo na República Democrática do Congo (RDC) que está em conflito com o M23, rebeldes armados.

Acampamentos de pessoas deslocadas em Goma, na província de Kivu do Norte. Na quarta-feira (29), lideranças africanas se reuniram para discutir o cessar-fogo na República Democrática do Congo (RDC) que está em conflito com o M23, rebeldes armados.

— Marion Molinari/MSF

31 de janeiro de 2025

Líderes da Comunidade da África Oriental (EAC) realizaram uma reunião virtual na quarta-feira (29) para abordar a escalada do conflito na República Democrática do Congo (RDC).

O encontro, liderado pelo presidente queniano William Ruto, contou com a participação de sete dos oito chefes de Estado do bloco comercial, com a ausência do presidente congolês Félix Tshisekedi.

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Em declaração conjunta, os líderes exigiram um cessar-fogo imediato entre as partes em conflito no leste da RDC e solicitaram a facilitação de acesso humanitário às áreas afetadas. 

Além disso, pediram ao governo congolês a proteção de  missões diplomáticas no país, após ataques recentes a embaixadas na capital, Kinshasa, por manifestantes que acusam certas nações de simpatizarem com o grupo rebelde M23. A Embaixada do Brasil foi uma das atingidas.

Conflito e acusações mútuas

O governo da RDC acusa Ruanda de apoiar o M23, grupo que recentemente assumiu o controle de Goma, capital da província de Kivu do Norte. Testemunhas relataram a presença de corpos nas ruas, embora as autoridades locais ainda não tenham divulgado um número oficial de vítimas.

Analistas apontam que a animosidade entre Tshisekedi e o presidente ruandês Paul Kagame pode dificultar as negociações de cessar-fogo. 

Edgar Githua, especialista em relações internacionais em Nairóbi, observa que “ainda há muita animosidade entre RDC e Ruanda sobre como abordar essa questão, porque a RDC acredita que esses são ruandeses, e Kagame categoricamente continua dizendo que o M23 não são ruandeses, são tutsis étnicos que são congoleses por cidadania”.

Crise humanitária em agravamento

Agências humanitárias alertam que os confrontos recentes intensificaram a já grave crise humanitária na RDC. Milhares de residentes de Goma, muitos dos quais já estavam deslocados devido a conflitos anteriores, foram forçados a fugir novamente.

Maina King’ori, diretor interino da CARE International na RDC, relatou que “não há fornecimento de eletricidade há vários dias na maior parte de Goma. O sistema de água não está funcionando; foi desligado, embora esteja lentamente voltando em alguns lugares, e não há conectividade com a internet em Goma nos últimos três dias. Isso torna a vida realmente difícil”.

King’ori apelou às partes em conflito para que respeitem o direito humanitário internacional e protejam os civis, enfatizando que “os civis não podem ser alvo. Os civis não são parte deste conflito, mas estão tendo que suportar a carga imensa. Eles são os que estão sentindo a dor de dormir ao relento, de serem realocados várias vezes”.

Contexto histórico do conflito na RDC

O M23, também conhecido como Movimento 23 de Março, é um grupo rebelde composto majoritariamente por tutsis congoleses. O grupo ressurgiu em 2022, após um período de inatividade, e desde então tem travado combates intensos com as forças governamentais congolesas, especialmente nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul. 


A região leste da RDC é palco de conflitos armados há décadas, envolvendo diversos grupos rebeldes e milícias locais, muitos dos quais disputam o controle de recursos naturais abundantes, como minerais valiosos. A situação é agravada por tensões étnicas e pela presença de grupos armados estrangeiros.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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