O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou nesta quarta-feira (7) que o comitê de emergência da organização irá se reunir “o mais rápido possível” para avaliar a necessidade de declarar o nível de alerta mais alto para a epidemia de varíola dos macacos em curso em diversos países africanos.
Dois anos após um surto mundial, uma nova estirpe de varíola – anteriormente conhecida como varíola dos macacos – identificada na República Democrática do Congo (RDC) e agora presente em vários países vizinhos, levanta temores de uma propagação contínua. A estirpe Clade Ib, surgida na RDC desde setembro, é mais mortal e transmissível que as formas anteriores, propagando-se de pessoa para pessoa.
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“Dada a propagação do mpox fora da República Democrática do Congo e a possibilidade de uma nova propagação internacional dentro e fora da África, decidi convocar um comitê de emergência para me aconselhar sobre se a epidemia constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional”, declarou Tedros em conferência de imprensa. “O comitê irá se reunir o mais rápido possível”, acrescentou.
Recentemente, a nova estirpe foi detectada em Uganda, Quênia, Burundi, Ruanda e Costa do Marfim. Uganda registrou seus dois primeiros casos na semana passada no distrito de Kasese, enquanto Quênia e Burundi anunciaram um e três casos, respectivamente, no mês passado. A RDC notificou 11.000 casos até 20 de julho, incluindo 450 mortes. Ruanda e Costa do Marfim também relataram casos nos últimos dias.
A Clade Ib provoca erupções cutâneas que podem aparecer em todo o corpo, ao contrário de outras estirpes em que as lesões se limitam à boca, rosto e órgãos genitais. A doença também pode causar febre, dor de garganta e inchaço nos gânglios linfáticos. A transmissão ocorre através do contato próximo com pessoas ou animais infectados, bem como por meio de objetos contaminados, como roupas de cama.
Rosamund Lewis, responsável técnica da OMS para a varíola, informou à Agence France-Presse que a variante Clade Ib já ultrapassou fronteiras nacionais, com casos registrados no Uganda, Burundi, Ruanda e Quênia nas últimas duas semanas. As autoridades destes países confirmaram casos de varíola, mas sem especificar a variante.
Em resposta à situação, a Comunidade da África Oriental (EAC), composta por oito membros, pediu para que os governos eduquem seus cidadãos sobre como se proteger e evitar a propagação da doença. Esta é a primeira vez que os quatro países situados a leste da RDC registraram casos de varíola, destacou Lewis.