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Para especialista, ataques racistas sofridos por Malcom na Rússia são comuns no Brasil

6 de agosto de 2019

Marcelo Carvalho salienta que tanto na Europa quanto no Brasil os atos racistas acontecem em campo, sem ações adequadas das autoridades envolvidas

Texto / Lucas Veloso | Edição / Pedro Borges | Imagem / Arquivo pessoal

No último sábado (3), o atacante Malcom, ex-Barcelona, estreou no Zenit, em jogo contra com o Krasnodar, pelo Campeonato Russo. No estádio, além do jogador, estava uma faixa, onde se lia ironicamente “Obrigado à direção por se manter leal às nossas tradições”.

A mensagem foi uma alusão ao fato do clube não ter hábito de contratar atletas negros. Segundo jornal francês “L’Equipe”, foram os ultras – como são chamados os torcedores europeus fanáticos – do Zenit, responsáveis por estenderam a faixa em forma de protesto pela contratação do jogador.

Para o idealizador e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, o tratamento recebido por Malcom era previsto, já que a torcida do Zenit é conhecida por sua postura de não aceitar atletas negros.

“Temos muitos casos de racismo na Rússia e no leste europeu, mas com nota oficial dos torcedores nem tanto”, observa Carvalho.

O especialista se refere ao pronunciamento oficial, assinado por várias torcidas do clube. No texto, elencam critérios para contratações do clube, sendo que um deles é o de não aceitar jogadores negros ou de “minorias sexuais”.

“Agora, os jogadores negros de futebol estão sendo impostos quase pela força ao Zenit. E isso causa apenas uma reação adversa. Deixe-nos ser o que somos”, escreveram em determinado trecho.

A intenção deles foi deixar clara a “tradição” do clube em não contratar jogadores negros em seu elenco, prática que faz o time ser conhecido internacionalmente.

Segundo a “RIA Novosti”, agência de notícias russa, o clube considera rever a contratação, que custou por 40 milhões de euros, por conta das manifestações racistas sofridas por Malcom.

Por outro lado, o Zenit se manifestou em comunicado oficial com o argumento de que não compactua com atitudes racistas e colabora com iniciativas antirracistas.

“O Zenit tem uma longa tradição de convidar os melhores jogadores de todo o mundo para o clube, independentemente do seu passado, etnia ou nacionalidade. Há muito que o clube apoia e instiga iniciativas anti-racistas, inclusivas e de igualdade e continuará a fazê-lo agora e no futuro”, destacou o clube.

No texto, o clube ainda critica as notícias da mídia na cobertura do fato. O clube diz que veículos de mídia e times de futebol denunciaram de maneira equivocada o acontecido.

“Esperamos que o avanço dessas organizações possa verificar completamente os fatos antes de fazer quaisquer declarações depreciativas ou acusações”, critica o Zenit.

“A nota emitida pelo clube foi algo protocolar, muito comum quando os clubes são acusados de racismo. Ela sequer condenou a nota emitida pelos torcedores”, pontua Carvalho. “Há muitos casos durante as competições”, completa.

Ainda, de acordo com o especialista, a questão do racismo no esporte é algo comum, tanto na Rússia quanto no Brasil, por mais que os representantes digam o contrário.

“As autoridades teimam em afirmar que os casos são esporádicos, mas não são. Por exemplo, no Brasil até o presente momento, temos mais de 29 denúncias de incidentes racistas divulgados pela mídia esportiva neste ano”, defende.

Sobre o fato de vender Malcom, o clube negou. Em sua conta oficial no Twitter, o time rebateu a informação afirmando querer que o atleta “continue por muito tempo”.

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