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Por que a Etiópia ainda está em 2016?

O país africano segue outro tipo de calendário, com 13 meses, nunca foi colonizado e é o possível lar da Arca da Aliança da Bíblia
Na Etiópia, o dia começa de maneira única. A primeira hora do dia é marcada pelo nascer do sol, o que muda completamente a forma como os etíopes vivem e organizam seu tempo.

Foto: Reprodução/Amanuel Sileshi

20 de junho de 2024

Quem mora na Etiópia ainda está vivendo no ano de 2016. Essa é a realidade no país, em que o calendário nacional está, em média, sete anos “atrasado” em relação ao calendário gregoriano. O motivo dessa diferença é a forma como a Etiópia calcula o ano de nascimento de Jesus Cristo.

Enquanto a Igreja Católica ajustou seu cálculo no ano 500 d.C., a Igreja Ortodoxa Etíope manteve sua própria contagem. O calendário etíope, conhecido como ge’ez, é uma variação do calendário juliano, criado em homenagem a Júlio César, na República Romana. Ele tem 12 meses de 30 dias cada, mais um 13º mês com apenas seis dias.

Além disso, na Etiópia, o dia começa de maneira única. A primeira hora do dia é marcada pelo nascer do sol, o que muda completamente a forma como os etíopes vivem e organizam seu tempo.

País nunca foi colonizado

Outro fato sobre a Etiópia é que o país africano nunca foi colonizado. No final do século 19, a Itália tentou expandir seu império colonial na África, mas encontrou um obstáculo inesperado: a Etiópia, também conhecida como Abissínia. Em 1895, a Itália lançou uma invasão ao país, mas sofreu uma derrota humilhante.

No entanto, a Itália conseguiu colonizar a vizinha Eritreia após uma empresa naval italiana comprar o porto de Assab, no Mar Vermelho. A morte do imperador etíope Yohannes 4º em 1889 criou uma oportunidade para a Itália ocupar as planícies costeiras do país.

Mas quando a Itália tentou avançar mais para o interior do território etíope, foi detida na Batalha de Adwa em 1º de março de 1896. Quatro brigadas de tropas italianas foram derrotadas em questão de horas pelas forças etíopes comandadas pelo imperador Menelik 2º.

A Itália foi forçada a assinar um tratado reconhecendo a independência da Etiópia. No entanto, décadas mais tarde, o líder fascista Benito Mussolini violou o acordo e ocupou o país por cinco anos.

É o possível lar da Arca da Aliança

Para a comunidade etíope, o mistério da Arca da Aliança, que segundo a Bíblia contém as duas tábuas com os Dez Mandamentos dados a Moisés por Deus, não é um enigma sem solução. A Igreja Ortodoxa da Etiópia acredita que a arca está guardada em segurança no terreno da Igreja Nossa Senhora Maria de Sião, em Aksum, e que apenas um seleto grupo de pessoas tem acesso a ela.

De acordo com a tradição etíope, a igreja é a detentora desta preciosa relíquia graças à intervenção da lendária Rainha de Sabá, cuja existência histórica é questionada por muitos, mas não pela maioria dos etíopes. 

  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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