O presidente queniano, William Ruto, declarou neste domingo (30) que não possui “as mãos manchadas de sangue” após manifestações contra o governo ocorridas na última terça-feira (25). Segundo ele, os protestos resultaram em 19 mortes, número inferior ao reportado por organizações de defesa dos direitos humanos.
“As minhas mãos não estão manchadas de sangue. Segundo os números que tenho, 19 pessoas morreram. É lamentável”, afirmou o presidente em uma entrevista à televisão queniana. Ruto acrescentou que haverá uma investigação para apurar as circunstâncias das mortes.
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Este é o primeiro balanço oficial divulgado sobre os eventos de terça-feira, quando manifestantes tomaram o Parlamento após a aprovação do projeto de orçamento de 2024-25, que incluía aumentos de impostos. A polícia respondeu disparando contra a multidão.
Protestos no Quênia
Na quarta-feira, 26 de junho, um dia após os protestos, Ruto retirou o projeto de orçamento que havia desencadeado as manifestações. Mesmo assim, centenas de manifestantes voltaram a se reunir em Nairóbi, capital do Quênia, na quinta-feira (27), enfrentando balas de borracha e gás lacrimogêneo disparados pela polícia enquanto exigiam o impeachment do presidente.
A revolta popular foi impulsionada pela Lei das Finanças de 2024, que aumentava os tributos em um país já fragilizado financeiramente pela pandemia de Covid-19, pela guerra na Ucrânia, por dois anos consecutivos de secas e pela desvalorização da moeda.
Cephas, um estudante de 24 anos, declarou à Agence France-Presse (AFP) que a decisão do presidente do Quênia de cancelar os aumentos de impostos chegou tarde demais. “Não se trata do projeto de lei, é ele. Queremos que ele saia do cargo.” Muitos quenianos afirmam que continuarão a protestar em memória dos mortos nos eventos de terça-feira.
No sábado (29), a ONG Human Rights Watch afirmou ter registrado pelo menos 31 mortes em várias cidades do país, enquanto a Agência Nacional de Proteção dos Direitos Humanos (KNHRC) relatou 22 mortes.