Reunião foi marcada pelo retorno do Marrocos ao bloco continental após 33 anos
Texto e Edição de Imagens: Solon Neto / Fotos: Reprodução
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O 28º encontro da União Africana (UA), realizado na sede do órgão continental, em Addis Ababa, capital da Etiópia, apontou como tema principal para o ano de 2017: “Aproveitando o Dividendo Demográfico através de Investimentos na Juventude”.
O tema refere-se ao potencial demográfico do continente, que mantém altas taxas de natalidade e até 2050 representará até 1/4 da população mundial segundo relatório da Nova Associação para o Desenvolvimento da África (NEPAD), corpo técnico da UA.
Realizada entre os dias 22 e 31 de Janeiro, o encontro dos 55 líderes de estado africanos tem como principal objetivo a eleição de responsáveis para diversos cargos políticos dentro do órgão, incluindo a do líder executivo. A reunião discute temas de integração, como as sete metas da Agenda 2063, e o retorno do Marrocos ao grupo, após 33 anos.
Quatro mulheres foram eleitas entre os seis principais cargos. No entanto, a União Africana elegeu novamente um homem como presidente. Alpha Conde (à direita na foto abaixo), presidente da república de Guiné, tornou-se líder da UA, assumindo o posto no lugar de Idriss Deby Itno (à esquerda na foto), presidente do Chade. A eleição também apontou Yoweri Kaguta Museveni, presidente de Uganda, como o vice-presidente da UA
Novos comissários eleitos
Eleitos pelo conselho executivo da UA, os oito cargos do comissariado da UA tiveram novos líderes eleitos. Todos os mandatos têm duração de quatro anos. Moussa Faki Mahamat, ministro de Relações Exteriores do Chade foi eleito novo líder da comissão e representante legal da UA. Já Thomas Kwesi, ministro das Relações Exteriores de Gana, foi apontado para o cargo de vice-líder.
Os outros seis comissários da UA também foram apontados. São eles: Chergui Smail, comissário de Paz e Segurança, re-eleito; Samate Cessouma Minata, de Burkina Faso, comissária de Relações Políticas; Elfaldil Amira Elfaldil Mouhammed, do Sudão, comissária para Relações Sociais; Sacko Josefa Leonel Correa, de Angola, comissária para Economia Rural e Agricultura; Muchanfa Albert M., de Zâmbia, comissário para Comércio e Economia; e Abou-Zeid Amani comissário para Infraestrutura e Energia. Por regra, metade dos comissários devem ser mulheres, representando as regiões da África com igualdade de gênero.
Marrocos volta a integrar a União Africana
Com a separação do Sudão, em 2011, o Sudão do Sul tornou-se o 54º membro da União Africana e o mais novo estado da África. O 55º membro é o Marrocos, que voltou a integrar o grupo em 2017 após 33 anos de ausência. Em discurso durante a cerimônia de fechamento do 28º encontro do bloco, o rei do país, Mohhamed, que vinha fazendo campanha para reintegrar o grupo, discursou dizendo que “A África é sua casa e que estava retornando para casa”, ao que completou dizendo ter sentido saudades. O Marrocos deixou o grupo nos anos 1970 em protesto, após o bloco reconhecer a República Democrática Árabe Saauri como país membro.
Saúde pública integrada pelo continente
Em 2017, a UA lança sua agência de saúde pública continental, que irá trabalhar no controle e prevenção de doenças e auxiliará os estados membro no controle de problemas de saúde pública.
O “Centro Africano para Controle de Doenças e Prevenção”, CDC foi autorizado pela Assembleia Geral a ter uma parcela do orçamento da UA destinada a garantir a saúde africana. A necessidade de um centro dessa natureza foi reconhecida pela UA em 2013 e formalizada em 2015.
Cinco centros regionais espalhados pelo continente irão colaborar com a central de coordenação do CDC em Addis Ababa e dez epidemiologistas descritos como altamente qualificados monitorarão ameaças pelo continente. Eles serão dirigidos pelo Dr. John Nkengasong (foto) e permanecerão responsáveis pelo monitoramento, pesquisa, análise e alertas de anomalias.
A União Africana
Com a sede já na Etiópia, a então “Organização pela Unidade Africana” (OUA) foi fundada em 25 de Maio de 1963 pelos 32 estados independentes do continente à época. Aos poucos, mais 21 estados juntaram-se à organização, e em 2002, fundou-se a União Africana (UA). O órgão foi fundamental para a descolonização, e luta contra qualquer tipo de apartheid.
A UA tem uma força militar permanente, com poder de intervenção nos países membros, e um Parlamento Pan-Africano, uma forte evidência de suas intenções integracionistas.
Um dos principais objetivos do bloco é sua Agenda 2063. Escrita em 2013, ela delineia um projeto de 50 anos baseado em integração e prosperidade, com influências do pan-africanismo e do renascimento africano. As metas estabelecidas pela Agenda 2063 da UA são: uma África próspera, baseada em crescimento inclusivo e desenvolvimento sustentável; uma África com bom governo, democracia, respeito aos direitos humanos, justiça e pela lei; uma África pacífica e segura; uma África com forte identidade cultural, patrimônio comum, valores compartilhados e ética; uma África com desenvolvimento focado nas pessoas, baseado no potencial dos africanos, especialmente as mulheres e a juventude, além de prestar cuidados às crianças; e uma África forte, unida e influente como liderança global e parceira internacional.