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União Europeia pune comandantes de Ruanda por apoio ao grupo M23 no Congo

As sanções impostas incluem congelamento de bens e proibição de viagens; entenda
Membros do grupo M23 montam guarda para o comboio de soldados das Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), em Goma, em 1º de março de 2025.

Membros do grupo M23 montam guarda para o comboio de soldados das Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), em Goma, em 1º de março de 2025.

— Jospin Mwisha/AFP

17 de março de 2025

A União Europeia sancionou, nesta segunda-feira (17), três comandantes militares de Ruanda e o chefe da agência estatal de mineração do país devido ao apoio do governo ruandês ao grupo armado M23, que atua no leste da República Democrática do Congo (RDC). 

A decisão ocorre em meio a acusações de que Ruanda estaria por trás da insurgência que tem causado milhares de mortes e o deslocamento de milhões de pessoas na região.

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Os alvos das sanções são Ruki Karusisi, comandante das forças especiais de Ruanda, os comandantes das divisões do exército Eugene Nkubito e Pascal Muhizi, além de Francis Kamanzi, chefe do Conselho de Minas, Petróleo e Gás de Ruanda. O relatório da ONU divulgado no ano passado indicou que Ruanda controla efetivamente o M23 e mantém cerca de 4 mil soldados em território congolês.

As sanções impostas pela União Europeia incluem congelamento de bens e proibição de viagens para os três comandantes militares de Ruanda e o chefe da agência estatal de mineração do país. Isso significa que qualquer ativo financeiro que possuam em países da UE será bloqueado, impedindo transações econômicas com entidades europeias. 

Além disso, os sancionados estão proibidos de entrar ou transitar por qualquer nação do bloco. Essas medidas visam pressionar Ruanda a cessar seu suposto apoio ao grupo armado M23 e reduzir a instabilidade na região leste da República Democrática do Congo.

A capital Kinshasa acusa o governo ruandês de apoiar o grupo para tomar o controle das riquezas minerais no leste da RDC. Por outro lado, Ruanda nega envolvimento direto no conflito e alega que suas preocupações com a segurança são ignoradas pelo Ocidente. O governo ruandês afirma que há uma ameaça contínua de grupos armados com raízes no genocídio de 1994 operando na RDC.

Ruanda rompe relações com a Bélgica

Quase ao mesmo tempo em que as sanções foram anunciadas, Ruanda declarou o rompimento de relações diplomáticas com a Bélgica. O governo ruandês acusa a ex-potência colonial de minar sistematicamente sua soberania e manipular a opinião internacional contra o país.

“Bruxelas tomou partido em um conflito regional e mobiliza continuamente ações contra Ruanda em diferentes fóruns, usando mentiras e manipulação para desestabilizar tanto nosso país quanto a região”, declarou o Ministério das Relações Exteriores de Ruanda.

A decisão inclui a expulsão de todos os diplomatas belgas em um prazo de 48 horas. A Bélgica classificou a medida como “desproporcional” e anunciou a retirada de seu embaixador em Kigali.

Negociações de paz e risco de escalada

O aumento da violência na RDC gerou preocupações de que o conflito possa evoluir para uma nova guerra em larga escala, semelhante à Segunda Guerra do Congo (1998-2003), que envolveu diversos países africanos e resultou na morte de milhões de pessoas.


Nesta segunda-feira, o M23 anunciou que enviará uma delegação a Angola para iniciar conversas com o governo congolês. As negociações estão previstas para começar nesta terça-feira (18) em Luanda, sob a mediação do presidente angolano João Lourenço, indicado pela União Africana para conduzir o processo de pacificação.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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