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Violência sexual generalizada no Sudão é atribuída a grupos paramilitares, aponta relatório da ONU

Relatório investigativo revela que estupros e escravidão sexual são comuns em meio ao conflito; mais de 11 milhões de pessoas foram deslocadas pela guerra
Membros das forças de segurança do Sudão, na costa do Mar Vermelho, no dia 28 de outubro. Relatório da ONU aponta os paramilitares de serem os principais culpados pela violência sexual generalizada no Sudão.

Foto: AFP

29 de outubro de 2024

Um relatório da ONU publicado nesta terça-feira revela que a violência sexual, incluindo estupros coletivos, é “generalizada” no Sudão, que enfrenta uma guerra civil há mais de 18 meses. O documento atribui a maior parte das responsabilidades às Forças de Apoio Rápido (FAR), um grupo paramilitar que tem sido protagonista em atos de violência contra civis.

Mohamed Chande Othman, presidente da Missão de Investigação da ONU no Sudão, expressou preocupação com a situação. “A magnitude da violência sexual que testemunhamos no Sudão é assustadora”, afirmou em um comunicado. Desde o início do conflito, em abril de 2023, a situação se deteriorou rapidamente, tornando o país um lugar sem segurança para seus cidadãos.

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O conflito se desenrola entre o general do Exército, Abdel Fattah al Burhan, e os paramilitares das FAR, liderados por Mohamed Hamdane, que anteriormente era braço direito de Burhan. O Conselho dos Direitos Humanos da ONU criou a missão investigativa no final de 2023 para documentar as violações de direitos humanos que ocorrem no país. 

O relatório aponta que ambos os lados têm cometido “violações maciças dos direitos humanos e do direito humanitário internacional”, incluindo tortura, escravidão sexual, perseguição étnica e de gênero, além de outros atos que podem ser classificados como crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

As FAR são especificamente denunciadas por serem responsáveis pela violência sexual em grande escala em áreas sob seu controle. O relatório documenta casos em que mulheres e meninas foram sequestradas e forçadas a se tornarem escravas sexuais. Embora a maioria dos incidentes de estupro e violência sexual seja atribuída às FAR, também são mencionados “alguns casos” de envolvimento do Exército. Além disso, investigadores receberam relatos de estupros de homens e meninos.

Joy Ngozi Ezeilo, membro da missão, enfatizou a necessidade de responsabilização: “Sem responsabilização, o ciclo de ódio e violência continuará. Devemos acabar com a impunidade”. A crise humanitária resultante do conflito já deslocou mais de 11 milhões de pessoas, com quase 3 milhões fugindo para países vizinhos, de acordo com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados.

Texto com informações da Agence France-Presse.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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