“Como brigar com uma história que é onde fica a memória de um povo?”. A pergunta é o fio condutor do livro “Morro do Dragão”, segunda obra escrita e ilustrada pelo designer Renato Cafuzo, com lançamento previsto para 31 de agosto, no Pontilhão Cultural da Maré, no Rio de Janeiro.
Em um enredo onde o protagonista é o diálogo, acompanhamos a conversa entre avô e neta, ambos moradores do Morro do Dragão, uma comunidade semelhante à do autor, que cresceu no Morro do Timbau, a favela mais antiga do Complexo da Maré, na Zona Norte da capital fluminense.
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Entre memórias e conversas sobre cultura e ancestralidade, a obra nasce como uma referência da literatura infantil afro-periférica e inaugura o selo infantil da Mórula Editorial.
O livro explora a importância da oralidade e o aprendizado entre gerações e povos, começando com a imagem icônica de um homem mais velho, negro, tomando café encostado no portão de sua casa, uma cena familiar para muitos que vivem em favelas e subúrbios.
Pouco mais de um ano após o lançamento de sua primeira obra, “Moleque Piranha”, que também retrata o cotidiano da infância na favela, a partir da perspectiva do sonho e da criatividade, neste segundo livro acompanhamos como diferentes culturas e histórias relatam um dragão. E, para além disso, aprendemos junto do avô e sua neta como com o passar dos anos cada povo encontrou a melhor forma de contar sua própria história.
Em nota à imprensa, o autor lista elementos como pipas sobrevoando os céus, casas de tijolo, alvenaria e todo tipo de material de construção para afirmar que além de ser um livro sobre memórias, a história mostra como as favelas têm o potencial de construir narrativas.
“Foi muito importante quando meus pais me contaram sobre o significado do morro que eu moro. Diria que a história é a passagem de um conhecimento muito especial, de um ancestral para uma próxima geração. Nesse livro, o público pode esperar muito carinho em cada página. Mas também uma história que mostra a favela como detentora de conhecimento, sobre si e sobre o mundo. E que também consegue se enxergar em outras culturas”, expressa.
Amante de animes e do universo da fantasia, Renato compartilha que seu repertório e conhecimento sobre dragões surge exatamente destes temas. Agora, teve a oportunidade de unir tudo o que sabe e colocar em palavras no “Morro do Dragão”, contando com a ajuda do historiador Henrique Caldeira, bacharel, mestre e doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que auxiliou na contação desta grande linha do tempo.
“Tive a oportunidade de ‘acertar as contas’, juntar as informações e pesquisar mais sobre dragões como uma expressão cultural de vários povos e até contar com a assessoria do Caldeira. Mas, no geral, meus estudos para o livro têm referências históricas da Mesopotâmia, Índia, China e outros”, explica Cafuzo.
Com texto e ilustrações de Renato Cafuzo, texto da contracapa de Osmar Paulino, coordenador de culturas da Uniperiferias, o projeto ainda conta com um audiolivro que será disponibilizado no canal do YouTube do autor de forma gratuita. O livro está disponível para vendas no site da editora.