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‘Morro do Dragão’: escritor da Maré lança livro infantil sobre vivência na periferia

O lançamento está previsto para 31 de agosto, no Pontilhão Cultural da Maré, no Rio de Janeiro
O escritor, designer e ilustrador Renato Cafuzo segura o livro “Morro do Dragão”, em suas mãos.

Foto: Divulgação

18 de agosto de 2024

“Como brigar com uma história que é onde fica a memória de um povo?”. A pergunta é o fio condutor do livro “Morro do Dragão”, segunda obra escrita e ilustrada pelo designer Renato Cafuzo, com lançamento previsto para 31 de agosto, no Pontilhão Cultural da Maré, no Rio de Janeiro.

Em um enredo onde o protagonista é o diálogo, acompanhamos a conversa entre avô e neta, ambos moradores do Morro do Dragão, uma comunidade semelhante à do autor, que cresceu no Morro do Timbau, a favela mais antiga do Complexo da Maré, na Zona Norte da capital fluminense.

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Entre memórias e conversas sobre cultura e ancestralidade, a obra nasce como uma referência da literatura infantil afro-periférica e inaugura o selo infantil da Mórula Editorial.

O livro explora a importância da oralidade e o aprendizado entre gerações e povos, começando com a imagem icônica de um homem mais velho, negro, tomando café encostado no portão de sua casa, uma cena familiar para muitos que vivem em favelas e subúrbios.

Pouco mais de um ano após o lançamento de sua primeira obra, “Moleque Piranha”, que também retrata o cotidiano da infância na favela, a partir da perspectiva do sonho e da criatividade, neste segundo livro acompanhamos como diferentes culturas e histórias relatam um dragão. E, para além disso, aprendemos junto do avô e sua neta como com o passar dos anos cada povo encontrou a melhor forma de contar sua própria história. 

Em nota à imprensa, o autor lista elementos como pipas sobrevoando os céus, casas de tijolo, alvenaria e todo tipo de material de construção para afirmar que além de ser um livro sobre memórias, a história mostra como as favelas têm o potencial de construir narrativas.

“Foi muito importante quando meus pais me contaram sobre o significado do morro que eu moro. Diria que a história é a passagem de um conhecimento muito especial, de um ancestral para uma próxima geração. Nesse livro, o público pode esperar muito carinho em cada página. Mas também uma história que mostra a favela como detentora de conhecimento, sobre si e sobre o mundo. E que também consegue se enxergar em outras culturas”, expressa.

Amante de animes e do universo da fantasia, Renato compartilha que seu repertório e conhecimento sobre dragões surge exatamente destes temas. Agora, teve a oportunidade de unir tudo o que sabe e colocar em palavras no “Morro do Dragão”, contando com a ajuda do historiador Henrique Caldeira, bacharel, mestre e doutor em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que auxiliou na contação desta grande linha do tempo. 

“Tive a oportunidade de ‘acertar as contas’, juntar as informações e pesquisar mais sobre dragões como uma expressão cultural de vários povos e até contar com a assessoria do Caldeira. Mas, no geral, meus estudos para o livro têm referências históricas da Mesopotâmia, Índia, China e outros”, explica Cafuzo. 

Com texto e ilustrações de Renato Cafuzo, texto da contracapa de Osmar Paulino, coordenador de culturas da Uniperiferias, o projeto ainda conta com um audiolivro que será disponibilizado no canal do YouTube do autor de forma gratuita. O livro está disponível para vendas no site da editora. 

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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