PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

50 anos de Consciência Negra: Marcha em SP une movimentos antirracistas e de cultura

A data é celebrada no Brasil desde 1971 e em 2011 foi sancionada uma lei que homenageia Zumbi dos Palmares; Marcha na capital paulista teve apresentações culturais e vítimas da pandemia foram lembradas

Texto: Pedro Borges e Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Yago Rodrigues

Imagem mostra duas mulheres negras na Marcha da Consciência Negra, em São Paulo

20 de novembro de 2021

Integrantes da ala das baianas e da bateria da escola de samba Unidos da Peruche participaram da Marcha da Consciência Negra, na avenida Paulista, região central de São Paulo, neste sábado (20). A marcação forte do surdo ecoou por um dos centros financeiros e cartão-postal da capital paulista para lembrar a importância da luta antirracista.

Essa foi a 18ª marcha da Consciência Negra na cidade de São Paulo e a data de 20 de Novembro é comemorada há 50 anos no país. Porto Alegre (RS) foi a primeira cidade a celebrar o dia Zumbi dos Palmares em contraponto ao 13 de Maio, data da abolição inconclusa do período de 388 anos de escravidão no Brasil.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

A concentração da marcha começou por volta do meio-dia e às 15h teve início as manifestações religiosas de matriz africana. O bloco afro Ilú Oba de Mim, que exalta a cultura negra e é formado exclusivamente por mulheres, fez uma performance com exaltação ao orixá Esú.

Durante a caminhada que saiu do MASP (Museu de Arte de São Paulo), manifestantes levaram cartazes lembrando que no Brasil mais de 600 mil pessoas morreram por conta da pandemia da Covid-19 e exigindo a saída do presidente Jair Bolsonaro.

Foto: Yago RodriguesMarcha da Consciência Negra em São Paulo lembra as vítimas da Covid-19. | Foto: Yago Rodrigues

“Ocupar as ruas no dia 20 de novembro é relembrar que a gente ainda precisa lutar diariamente contra a política de morte que mira os corpos negros. É trazer os aliados para pensar conjuntamente políticas e formas de ação de resistência ao racismo”, diz a advogada Sheila Carvalho, que integra a Coalizão Negra por Direitos.

Representantes do movimento “SP é Solo Preto e Indígena”, que luta contra o apagamento da contribuições históricas dos negros e dos povos originários na capital paulista, com a Liberdade, Bela Vista e o Bixiga também participaram do ato que termina no Teatro Municipal para relembrar o local onde foi fundado o MNU (Movimento Negro Unificado), em 1978.

A manifestação reuniu aproximadamente 10 mil pessoas e contou também com a participação de muitas famílias e pessoas brancas apoiadoras os protestos contra o genocídio da população negra. “Os brancos tiveram um papel nesta história e agora eles devem participar da solução dos problemas que atingem as pessoas negras”, pondera Sheila.

A Alma Preta Jornalismo acompanhou a marcha e constatou que o policiamento na região foi reforçado, mas não houve incidentes. O avanço da vacinação contra a Covid-19 em São Paulo, onde toda a população acima de 18 anos já tomou pelo menos a primeira dose, contribuiu para que mais pessoas pudessem participar dos protestos.

“Com essa retomada das atividades presenciais é importante a gente se reunir, se ver um no outro e passar uma mensagem política de união”, afirma a advogada Júlia Drummond. Segundo a jurista, o volume dos atos de 20 de novembro em todo o país demonstra o tamanho da “revolta e das reivindicações pela vida do povo negro”.

Zumbi e o 20 de Novembro

Zumbi dos Palmares foi o líder político do Quilombo dos Palmares, na serra da Barriga, atual estado de Sergipe, que chegou a ter uma população de 20 a 25 mil homens e mulheres livres. Ele foi assassinado em 20 de novembro de 1695, e em 2011 a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que estabelece a data como o Dia Nacional da Consciência Negra.

“Essa data lembra a morte de Zumbi e a resistência negra que é quilombola, é ribeirinha e, principalmente, periférica”, destaca Lourival Aguiar, articulador da bancada Feminista (PSOL), mandato coletivo da Câmara dos Vereadores de São Paulo.

Ao longo de toda a marcha foram notadas faixas e cartazes de diversas entidades de movimentos sociai e representações de partidos de esquerda como:C onvergência Negra, Ação e Diálogo do PT, RUA, CMP, PCO, Círculo Palmarino, Adunifesp, SlamSP, Terreiro Resiste, SP Solo Preto, Intecab-SP, Conaq, Unegro, UneAfro, Conen, MNU, Afronte, Coalizão Negra por Direitos e Frente Nacional Antirracista.

Leia também: Primeira Marcha da Consciência Negra do Recife ecoa insatisfação com Bolsonaro

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano