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Acusada de assalto, jovem negra segue presa com provas frágeis

26 de fevereiro de 2018

Na primeira vez que foi detida, Bárbara Querino permaneceu presa por 16 horas seguidas em uma viatura

Texto / Thalyta Martina
Imagem / Arquivo pessoal

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Segue presa Barbara Querino, jovem negra de 20 anos, acusada de fazer parte de dois assaltos à mão armada nos dias 10 e 26 de setembro de 2017. Ela foi detida e levada ao 98º Distrito Policial de São Paulo no dia 4 de novembro, onde, segundo o advogado do caso, Bruno Cândido Sanfoka, ficou imobilizada por 16 horas na traseira de uma viatura.

Junto com a jovem foram detidos o irmão, de 19 anos, e mais três amigas, que estavam com eles no momento da abordagem. Bárbara foi liberada após prestar depoimento.

No dia 16 de janeiro, no entanto, ela foi presa novamente sob justificativa de ter sido reconhecida por foto por uma das vítimas como culpada de uma série de roubos. Dessa vez, com um mandato de prisão, ela foi para a penitenciária feminina de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, onde segue aguardando apuração dos fatos em audiência.

O irmão e as amigas de Babiy, como é conhecida e chamada por todos, confirmaram o testemunho que a jovem prestou no último dia 4 de novembro. Nele, ela informou que na data de um dos crimes, 10 de setembro, estava fora de São Paulo trabalhando como modelo e apresentou como prova o celular com fotos e outras informações. De acordo com parentes e amigos, o aparelho foi resetado pela polícia. No dia 26 de setembro, ela informou que estava em casa.

O caso

Uma série de crimes de roubo praticados na região de Santo Amaro, zona sul da cidade, resultaram em diversas ocorrências policiais. Por conta dessa situação, Bárbara foi detida e “embora nada a vinculasse aos crimes, inexplicavelmente foi fichada e apresentada em uma reportagem policial como envolvida no crime.”, explica Bruno.

As provas a favor da jovem vão desde testemunhas a publicações em redes sociais, de acordo com Bruno. Colegas do trabalho do dia 10 de setembro, declararam, por mensagens, que estiveram com Babiy nesse dia. Um vídeo caseiro e uma publicação no aplicativo Instagram, com local “Enseada – Guarujá” somam-se aos elementos de defesa.

Barbara Querino Presa Corpo

A prisão da dançarina Barbara Querino gerou revolta entre as colegas dela (Foto: Divulgação)

O advogado ainda informou ao Alma Preta que o escritório conversou com os dois juízes responsáveis pelos processos no Fórum, apresentou petições com fotos e provas da defesa e impetrou Habeas Corpus, para a soltura da jovem, e o relaxamento de prisão, que incide contra prisões ilegais.

Bárbara Querino

No dia 3 de Fevereiro, Babiy Querino fez 20 anos. Ela, a mais velha e única mulher de seis irmãos, mora na região de Santo Amaro, zona sul de São Paulo.

Segundo Mayara Vieira, amiga de Babiy, “está sendo triste demais, porque a Babiy é dançarina e professora de dança, trabalha com a imagem dela e vem de uma vida muito sofrida”.

Ela também afirma que a jovem prestou ENEM dia 05 de novembro, teve uma boa nota e foi aprovada em um projeto de bolsas da organização Educafro para fazer curso de jornalismo em uma universidade privada. A prisão freou todo o processo.

Ações de apoio e divulgação

A amiga Mayara e a família criaram uma página nas redes sociais para arrecadar dinheiro para arcar com os custos do advogado que foi contratado para dar agilidade ao processo, visto que demoraria no mínimo três meses para o caso ser pego pela Defensoria Pública. Uma vaquinha online também está circulando com a meta de R$ 3.000, como forma de apoio a Babiy.

Outras pessoas e coletivos do movimento negro juntaram-se à família, como por exemplo, Tati Nefertari, que por meio da Organização Ujima Povo Preto criou uma rifa de cinco reais com os itens: um forno Mondial, os filmes de Angela Davis e Malcom X, o livro “Nelson Mandela – o homem, a história e o mito” e dois colares dos panteras negras.

Os amigos de dança criaram o evento “Zumba Master Class – #TODOSPORBABIY”, uma aula que vai acontecer em março e tem o custo de R$ 10. A Batekoo, festa funk voltada para o público negro LGBT, é outra a apoiar com o envio de parte do lucro de uma aula pública que acontece no dia 25 deste mês para a campanha.

Outro lado

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse: “A Polícia Civil informa que Bárbara Querino de Oliveira foi presa no dia 15/1/2018, no bairro Cidade Ademar, zona sul da Capital. Durante patrulhamento policiais militares cumpriram um mandado de prisão expedido no dia 13/12/2017 pela 23ª Vara Criminal da Barra Funda. Mais detalhes devem ser solicitados ao Poder Judiciário.”

Além do erro no dia que a jovem Babiy foi presa, 16 de janeiro de 2018, a Secretaria de Segurança Pública não retornou o contato do Alma Preta.

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