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Advogada é vítima de ofensas racistas e agressora deixa delegacia sem prestar depoimento

Para a advogada e vítima Cristiane Linhares, a polícia não deveria ter permitido a saída da agressora antes do registro do boletim de ocorrência
Na foto, a advogada Cristiane Linhares.

Foto: Reprodução / Redes Sociais

5 de agosto de 2024

A advogada Cristiane Linhares foi alvo de ofensas racistas enquanto auxiliava uma cliente na região do Sacomã, zona sul de São Paulo. Apesar de a vítima registrar queixa, a agressora não prestou depoimento e saiu livremente da delegacia.

O caso ocorreu na última quinta-feira (1) quando Cristiane se dirigiu ao local para aguardar a chegada da Polícia Militar, que havia sido acionada pela cliente da advogada por outro motivo.

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Em entrevista à Alma Preta, Cristiane conta que estava na rua falando com o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) quando a mulher a viu e a xingou. “Nunca a vi, nunca falei com ela”, explicou a advogada, que filmou o crime com o celular e tentou mostrar aos policiais militares que estavam no local, mas se recusaram a assistir.

Nas redes sociais, Cristiane compartilhou o momento da agressão e denunciou o caso. “Se eu que sou uma advogada há tantos anos, passei por isso, e quem não é? O que nós negros não passamos?”, diz trecho da publicação.

No vídeo, é possível ver uma mulher apontando na direção da advogada e dizendo: “Você é da mesma laia dessa galera. […] Até a macaca está lá”. 

Ainda durante o fato, Cristiane exigiu que todos fossem conduzidos ao 96º Distrito Policial, no bairro Itaim Bibi, para que fossem tomadas as devidas providências, porém a mulher foi liberada antes mesmo de prestar depoimento.

“Na hora de lavrar o boletim de ocorrência de flagrante do crime de injúria racial, ela já tinha ido embora da delegacia”, detalha.  

Pela ausência da agressora, o crime foi registrado apenas em Boletim de Ocorrência, sem o flagrante. A advogada informou que vai buscar os órgãos competentes para denunciar a prevaricação dos policiais e solicitar a apuração de todos os envolvidos no ocorrido. 

“Em um fato desses, eles têm que zelar por nós. Não da maneira que foi conduzido. Como que dentro de uma delegacia a mulher vai embora e ninguém viu?”, questiona.

A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) sobre a atuação dos policiais e a ausência de flagrante no crime. Até a publicação deste texto não houve resposta. O espaço segue aberto.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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