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Afoxé Filhos de Gandhy é investigado por excluir homens trans de desfile no Carnaval

Ministério Público cobra explicações após exigência de identidade cisgênero para participação na tradicional agremiação baiana
Bloco Afoxé Filhos de Gandhy desfila durante o Carnaval.

Bloco Afoxé Filhos de Gandhy desfila durante o Carnaval.

— Prefeitura de Feira de Santana

25 de fevereiro de 2025

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu uma investigação nesta segunda-feira (24) para apurar a exclusão de homens trans do desfile do afoxé Filhos de Gandhy. A medida foi tomada após a repercussão de um termo de aceite enviado aos associados, que exigia que os participantes fossem do sexo masculino e cisgênero.

A regra estava no artigo 5º do Estatuto Social da agremiação e foi reafirmada no documento assinado pelos integrantes para o desfile no Carnaval de 2025. A restrição sempre esteve presente, mas a reação negativa levou o grupo a retirar o termo.

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Estatuto do Afoxé viralizou nas redes sociais e levou o bloco a se posicionar após acusação de transfobia. Reprodução

Em nota, a diretoria do Filhos de Gandhy afirmou que recolheu o documento e alterou a exigência para apenas “do sexo masculino”, sem especificar identidade de gênero. A agremiação informou que convocará uma assembleia geral para discutir possíveis mudanças no estatuto.

O MP-BA notificou a entidade por e-mail, solicitando esclarecimentos sobre o caso e aguarda retorno para decidir as próximas medidas.

Entidade LGBTQIAPN+ repudia restrição

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) criticou a postura do Filhos de Gandhy e anunciou que acionará a Justiça contra a agremiação.

“O Filhos de Gandhy renuncia à sua própria história de luta pela inclusão e pela paz ao impedir a participação de homens trans no desfile”, afirmou a entidade em nota.

A ANTRA questionou ainda como a verificação da identidade de gênero dos participantes era feita e se pessoas trans estavam sendo submetidas a constrangimentos para comprovar se eram cisgêneros.

“Transfobia não é cultura. Transfobia é crime e assim será tratada”, declarou a organização.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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