O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu uma investigação nesta segunda-feira (24) para apurar a exclusão de homens trans do desfile do afoxé Filhos de Gandhy. A medida foi tomada após a repercussão de um termo de aceite enviado aos associados, que exigia que os participantes fossem do sexo masculino e cisgênero.
A regra estava no artigo 5º do Estatuto Social da agremiação e foi reafirmada no documento assinado pelos integrantes para o desfile no Carnaval de 2025. A restrição sempre esteve presente, mas a reação negativa levou o grupo a retirar o termo.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Em nota, a diretoria do Filhos de Gandhy afirmou que recolheu o documento e alterou a exigência para apenas “do sexo masculino”, sem especificar identidade de gênero. A agremiação informou que convocará uma assembleia geral para discutir possíveis mudanças no estatuto.
O MP-BA notificou a entidade por e-mail, solicitando esclarecimentos sobre o caso e aguarda retorno para decidir as próximas medidas.
Entidade LGBTQIAPN+ repudia restrição
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) criticou a postura do Filhos de Gandhy e anunciou que acionará a Justiça contra a agremiação.
“O Filhos de Gandhy renuncia à sua própria história de luta pela inclusão e pela paz ao impedir a participação de homens trans no desfile”, afirmou a entidade em nota.
A ANTRA questionou ainda como a verificação da identidade de gênero dos participantes era feita e se pessoas trans estavam sendo submetidas a constrangimentos para comprovar se eram cisgêneros.
“Transfobia não é cultura. Transfobia é crime e assim será tratada”, declarou a organização.