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Amazônia liberou mais de 30 milhões de toneladas de CO2 em apenas dois meses

O bioma foi responsável por emitir 31,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera entre junho e agosto deste ano
Vista aérea de região florestal da Amazônia atingida por incêndio criminoso em Lábrea (AM)

Foto: Michael Dantas / AFP

19 de setembro de 2024

Entre junho e agosto de 2024, a Amazônia perdeu cerca de 2,4 milhões de hectares em incêndios. Devido as queimadas, o bioma emitiu 31,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2). As informações são do último relatório do Observatório do Clima, divulgado na terça-feira (17).

Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o número representa um aumento de 60% em comparação com o mesmo período do último ano. A área amazônica analisada inclui florestas, campos e pastagens. 

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Considerando apenas os impactos na vegetação florestal, os incêndios atingiram 700 mil hectares e emitiram 12,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente. O valor corresponde a mais que o dobro do emitido por queimadas em regiões florestais no mesmo intervalo de 2023.

Apesar dos índices acima da média, os valores das emissões oriundas de incêndios não são contabilizadas no inventário nacional, que só considera o carbono de queimadas ligadas ao desmatamento. As emissões relacionadas ao fogo tem sido contabilizadas pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

“Um importante impacto dos incêndios florestais nas emissões não ocorre no momento em que a floresta está queimando, mas depois, quando principalmente as grandes árvores morrem e continuam a emitir CO2 por muitos anos, o que é chamado de emissão tardia. O pior é que uma floresta degradada pelo fogo se torna mais suscetível a outros incêndios, perpetuando um ciclo de degradação e emissões”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam, em nota à imprensa.

O instituto ainda alerta que as emissões dos gases do efeito estufa podem continuar mesmo com o fim do fogo, devido à decomposição da vegetação atingida. Essa vegetação decomposta pode gerar mais material combustível no chão, o que alimenta os focos de incêndio. A perda das folhas das árvores possibilita a entrada de mais ar quente, tornando mais inflamável e suscetível a novas queimadas.

O levantamento estima que, somente por essa razão, o bioma poderá emitir de dois a quatro milhões de toneladas de CO2 equivalente na próxima década.

“Temos um cenário assustador de florestas em pé, que deveriam estocar carbono pelas próximas centenas de anos, sendo devastadas pelo fogo e se tornando uma fonte significativa de gases de efeito estufa. Nos próximos anos, talvez não vejamos a fumaça, mas as emissões continuarão ali e, com elas, o aumento do aquecimento global”, alerta Camila Silva, pesquisadora do Ipam

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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