Pessoas com a doença possuem comorbidades, em especial pneumopatias, que são agravadas pelo novo coronavírus
Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: iStock
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A anemia falciforme, com prevalência média de um entre 380 nascidos vivos afro-descendentes nas américas (o dobro do que entre os brancos), está na lista de fatores de risco da Covid-19. A doença é genética, incurável e seus portadores estão mais propensos a sofrer efeitos mais graves do novo coronavírus, com maior risco de morte. A estimativa é que 70 mil pessoas no Brasil vivam com a doença.
Por conta da pandemia mundial, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro divulgou uma nota no Diário Oficial em 8 de maio de 2020 que dá orientações para ações de prevenção à Covid-19 e inclui as pessoas com doenças falciformes no grupo de risco para o coronavírus. A publicação ressalta que há número elevado de pessoas com doenças falciformes com comorbidades, em especial as pneumopatias, que são agravadas pela Covid-19. “São grupo de risco pela condição de doença crônica e de imunossupressão uma vez que tais condicionalidades se configuram como fatores de risco”, informa.
A síndrome torácica aguda presente em pacientes que têm doença falciforme pode ter os sintomas semelhantes à Covid-19 e uma gravidade similar, mas com terapias diversas. Indivíduos com doenças falciformes têm alta utilização de serviços de emergência por febre, sinais e sintomas de pneumonia ou síndrome toráxica aguda. “Precisamos garantir o seu atendimento dentro de protocolos de classificação de risco, dando a prioridade necessária para seu atendimento e tomando as medidas necessárias para que, caso seja coronavírus, ações ainda mais imediatas e específicas sejam adotadas, pois o curso da infecção nesses pacientes imunodeprimidos será efetivamente grave”, afirma Altair Lira, professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA (IHAC/UFBA) e integrante do Grupo Temático Racismo e Saúde (GT Racismo/Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrascp), ao site da entidade.
Já a presidente da Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo (AAFESP), Berenice Kikuchi, lembra que a rápida disseminação da Covid-19 pode ter maior gravidade quando atinge pessoas com doença falciforme. “Elas são mais vulneráveis a desenvolver a forma clínica mais severa ou mesmo fatal da doença. Dentre as doenças falciformes, a anemia falciforme é a que apresenta forma clínica mais grave”, afirma, em artigo.
O fato das pessoas com doença falciforme terem seu sistema imunológico debilitado, segundo a especialista, faz com que seja imprescindível adotar medidas preventivas (como o isolamento social) e profiláticas (como lavar as mãos e álcool em gel) que reduzam a exposição ao risco de contrair a Covid-19.