Aluna do ensino médio do Instituto Federal São Paulo, de Bragança Paulista (IFSP), Franciele de Souza Meira, de 17 anos, conquistou o primeiro lugar após apresentar uma pesquisa sobre racismo em dicionários de língua portuguesa durante a 22ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) em março.
A pesquisa vencedora entre os 43 projetos finalistas analisou a definição dos verbetes “negro” e “preto” em 17 dicionários de língua portuguesa, no qual o objetivo era identificar expressões racistas, discriminatórias ou pejorativas nas definições dos termos.
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A conclusão que Franciele chegou é de que, dos 17 dicionários analisados, apenas três deles não tinham definições que remetem ao período escravocrata, comercialização, associação ao trabalho árduo, objeto, costumes ou ações ruins ou “indivíduo sem alma”, como definem os dicionários Rafael Bluteau, de 1712 e o de Antonio de Moraes Silva, de 1954.
Em um vídeo, no qual explica o processo de pesquisa, a estudante expõe as duas conclusões que chegou. A primeira é de que os dicionários são marcados ideologicamente por termos racistas e a segunda é que, exceto os dicionários da Academia Brasileira de Letras (1976), de Biderman (1992) e de Bechara (2011), há marcas textuais que associam “negro” e “preto” direta ou indiretamente ao contexto escravagista, mesmo após a assinatura da Lei Áurea, em 1888, os registros mantiveram o mesmo discurso.