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Ato celebra memória de escravizados enterrados no possível 1º cemitério público de Salvador

Evento será realizado nesta quarta-feira (14), na Pupileira e contará com a presença de promotores do Ministério Público da Bahia, pesquisadores e lideranças religiosas
Santa Casa de Misericórdia da Bahia, que hoje ocupa a localização do antigo cemitério.

Santa Casa de Misericórdia da Bahia, que hoje ocupa a localização do antigo cemitério.

— Divulgação/Santa Casa da Bahia

13 de maio de 2025

Um ato interreligioso será realizado nesta quarta-feira (14), às 10h, no estacionamento da Pupileira, em Salvador (BA), local apontado como o possível primeiro cemitério público da cidade. A atividade será aberta ao público e pretende celebrar a memória de pessoas ali enterradas, muitas delas escravizadas ou marginalizadas pela sociedade da época.

A proposta também visa promover o respeito entre diferentes tradições religiosas. O Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), por meio de seus núcleos e promotorias que atuam na defesa do patrimônio histórico e dos direitos humanos, coordena a realização do ato em diálogo com lideranças religiosas, pesquisadores e representantes da sociedade civil.

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Cemitério invisibilizado e dignidade negada

Relatos reunidos pelas investigações indicam que o terreno teria servido para sepultamento de pessoas pobres, escravizadas, prostitutas, indigentes, suicidas, excomungados e condenados à morte. O local, hoje coberto por asfalto, permanece como uma zona de apagamento da memória coletiva dessas vidas.

A promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz afirma que, se confirmado, o achado pode ser o maior cemitério de pessoas escravizadas da América Latina. “Trata-se de um achado que resgata a nossa história e memória, permitindo, mesmo após tantos anos, uma reparação histórica à dignidade dessas pessoas”, declarou em nota à imprensa.

Segundo ela, o ato interreligioso tem como finalidade reconhecer a humanidade dos sepultados. “Foram desumanizados pelo processo escravocrata, não apenas durante a privação de liberdade, mas também na morte, quando lhes foi negado qualquer tipo de ritual fúnebre”, destacou.

Articulação entre memória, ciência e espiritualidade

A decisão de realizar o ato interreligioso foi tomada em reunião realizada no dia 8 de maio, com a presença de promotoras e promotores do MPBA, além de arqueólogos, arquitetos e estudiosos da história da cidade. Participaram, entre outros, a arqueóloga Jeanne Dias, o professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Samuel Vida e a arquiteta Silvana Olivieri.

O encontro teve como objetivo escutar lideranças religiosas e especialistas sobre os impactos da pesquisa arqueológica em andamento na área, buscando formas de garantir respeito à memória das pessoas sepultadas.

O Ministério Público informou que o ato será aberto a todos os interessados, desde que a participação ocorra de forma respeitosa e em sintonia com o espírito de união e diversidade que a atividade propõe.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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