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BA: Terreiro de Jarê é demolido pelo ICMBio sem notificação prévia

Em nota, órgão reconhece o erro e diz que não sabia de que se tratava de um local religioso; ICMBio afirma que haverá apuração interna dos fatos
As construções demolidas estão situadas em uma área de roça que pertence à família de Gilberto Tito de Araújo, conhecido como Damaré, há mais de 45 anos.

Foto: Reprodução/YouTube/Comissão Pastoral da Terra

28 de julho de 2024

Uma operação realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), em Lençóis (BA), resultou na demolição de um terreiro religioso e de mais de dez residências, o que afetou cerca de 35 famílias. A ação, que ocorreu no dia 21 de julho, foi realizada sem diálogo prévio, notificações ou negociação com as autoridades municipais, segundo relatos de moradores. A informação é do Observatório dos Conflitos Socioambientais da Chapada Diamantina (OCA).

A comunidade afetada destaca que as construções demolidas estão situadas em uma área de roça que pertence à família de Gilberto Tito de Araújo, conhecido como Damaré, há mais de 45 anos, precedendo a demarcação da área como unidade de conservação.

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O movimento negro de Lençóis condenou a ação, classificando-a como um ato de racismo religioso. Denúncias foram enviadas à Defensoria Pública da União e ao Ministério Público Federal.

A ação do ICMBio desrespeita os direitos dos povos e comunidades tradicionais, conforme previsto pelo Decreto nº 6.040 de 2007. Além disso, a demolição também viola a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece os direitos dos povos tradicionais e garante sua participação em processos decisórios que afetam suas vidas e territórios.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra Regional da Bahia (CPT Bahia), os procedimentos estabelecidos pela Advocacia Geral da União, pela Procuradoria Federal e pelo próprio ICMBio não foram seguidos na ação, e que a demolição foi realizada sem o devido processo legal.

De acordo com nota oficial do ICMBio, divulgada pela Revista Fórum, o órgão reconhece o erro, mas afirma não saber previamente de que se tratava de um local religioso. 

“Uma das 16 edificações fiscalizadas foi um terreiro de Jarê. Nesse caso, os fiscais iniciaram a demolição porque não identificaram, do lado externo, sinais de que era um imóvel com fins religiosos. Assim que os objetos de caráter religioso foram identificados no imóvel, a operação foi imediatamente interrompida. Para análise dos fatos, foi iniciada uma apuração interna”, disse o ICMBio. 

  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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