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Brasil tem 1,2 milhão de crianças e adolescentes negros em situação de trabalho infantil

Além de maioria no trabalho infantil, crianças e adolescentes negros enfrentam os piores tipos de ocupação
Imagem mostra uma criança negra em situação de trabalho infantil, no Haiti.

Imagem mostra uma criança negra em situação de trabalho infantil, no Haiti.

— Hector Retamal / AFP

17 de junho de 2024

Dados do estudo “O trabalho Infantil no Brasil: análise dos microdados da PnadC 2022”, recém divulgado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), indicam que a maioria das crianças e adolescente de cinco a 17 anos em situação de trabalho infantil no Brasil são negras.

De autoria do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador (FNPETI), o relatório se baseia em informações presentes na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (PnadC), nos anos de 2016 a 2022. 

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Em 2022, o contingente de negros no trabalho infantil foi de 1,2 milhão, enquanto crianças não negras somaram aproximadamente 634 mil. Além de trabalharem mais do que as demais crianças, o documento indicou que jovens negros estão destinados a enfrentar as condições de trabalho com mais frequência.

Para compor a classificação de “não negras”, a pesquisa considerou crianças e adolescentes brancos, amarelos e indígenas.

Segundo o levantamento, do total de crianças negras ocupadas, 534 mil exerciam ocupações listadas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (TIP). Entre as 634 mil crianças e adolescentes não negras ocupadas, 222 mil exerciam alguma das piores formas de trabalho.

O trabalho informal também é maioria entre os adolescentes negros. Dos 946 mil jovens negros de 14 a 17 anos ocupados, 744 mil exerciam ocupações informais, o que representa aproximadamente 79% do total. Entre os 485 mil adolescentes não negros ocupados, 386 mil exerciam ocupações informais.

Para o FNPETI, o fenômeno se explica pelo fato de as famílias negras estarem mais expostas às condições de pobreza do que as famílias não negras, por conta do racismo estrutural e da desigualdade presente desde os tempos coloniais.

No ranking das regiões do país, o Sudeste concentrou a maior quantidade de crianças e adolescentes trabalhando, com 580 mil casos. O Nordeste aparece em segundo lugar, com 573 mil casos. O Centro-Oeste foi a região que menos registrou crianças e adolescentes ocupados, com 157 mil ocorrências.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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