Em 2022, as forças policiais brasileiras mataram cerca de 5.619 pessoas. Ao mesmo tempo, 22 agentes foram mortos em serviço. As informações são da terceira edição do “Monitor do Uso Letal da Força na América Latina”, divulgado na última terça (16) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
O levantamento mostra que a cada um policial morto em serviço, 250 pessoas foram mortas por ações policiais. O número é quase o dobro do índice de 2020, que apresentou 114 pessoas mortas pela polícia para cada policial morto.
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O estudo apresenta diversos indicadores e recortes para demonstrar a violência e a alta letalidade policial em território brasileiro. Em um dos indicadores, o monitor revela que para cada 100 habitantes, 2,8 pessoas foram mortas pela polícia no país.
A nível estadual, o número chega a ficar cerca de cinco vezes maior. Oito estados analisados tiveram índices acima do nacional, sendo eles o Rio Grande do Sul (2,8), Paraná (3,7), Goiás (6,7), Pará (6,7), Sergipe (6,9), Rio de Janeiro (7,2), Bahia (9,1) e Amapá (14,5).
Em outro recorte, o estudo analisa o número de pessoas mortas a cada 1.000 policiais, com um total de 11,28 pessoas para este recorte. Em comparação, o número de policiais mortos a cada 1000 agentes foi de 0,05.
Em entrevista à Agência Brasil, Dennis Pacheco, pesquisador do FBSP, ressalta que a desproporcionalidade entre as mortes de policiais e civis demonstra um abuso da força policial brasileira. Para ele, os dados confrontam a narrativa policial de que os agentes teriam morrido em confronto, justificando o uso da força letal.
O levantamento também observa indicadores de abuso de forças policiais em outros oito países da América Latina: sendo eles Chile, Colômbia, El Salvador, Jamaica, México, Peru, Trinidad e Tobago e Venezuela.
Em comparação com os países analisados, o Brasil ficou atrás da Colômbia (0,52), El Salvador (1,45) e Venezuela (2,6). No ranking, o país só fica atrás da Jamaica (4,23) e de Trinidad e Tobago (4,11).