Um relatório realizado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (Obpoprua) demonstrou um crescimento de 32,2 mil pessoas na população em situação de rua de todo o país, em relação ao último ano. O grupo é vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo o levantamento, em 2023, 261,6 mil pessoas se declararam nessas condições no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico). Neste ano, o número aumentou para 293,8 mil pessoas. A pesquisa também aponta um aumento na capital paulista. Em 2023, o índice da cidade de São Paulo era de 64,8 mil, e em 2024, foram registradas 76,6 mil pessoas.
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O coordenador do observatório, André Dias, acredita que esse crescimento pode ser explicado pela ausência de políticas públicas voltadas para essa população, e que faltam iniciativas estruturantes do estado voltadas para moradia, trabalho e educação.
O levantamento utilizou o CadÚnico, por servir como um indicativo das populações em vulnerabilidade para dimensionar os repasses federais aos municípios, pois reúne os beneficiários de políticas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Para Dias, a falta de um censo nacional para contabilizar a população em situação de rua torna o cadastro uma ferramenta relevante.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, no entanto, contrariou o estudo do observatório. O órgão apontou que o cadastro é “autodeclaratório e cumulativo” e por isso não representaria a realidade do município.
Em 2021, a edição do censo municipal da população em situação de rua apontou para 31,8 mil pessoas dormindo em abrigos ou na rua. De acordo com a secretaria, o estudo encomendado pela prefeitura garantiu que todas as pessoas que se encaixavam nas condições foram devidamente entrevistadas e contabilizadas.