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Brumadinho registra aumento de 75% nos casos de alergia respiratória em crianças

Pesquisa, que aponta impactos de rompimento da barragem de 2019, também mostrou que o grupo exposto tem predominância de crianças não brancas
Imagem mostra cinco crianças apoiadas em uma cerca enquanto assistem a um jogo de futebol.

Foto: Isis Medeiros

11 de abril de 2024

A poeira dos rejeitos minerais liberados no rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, gerou impactos à saúde de crianças que vivem no município mineiro. Esse foi o resultado de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) e da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).

Intitulada “Alterações respiratórias em crianças expostas à poeira de resíduos de mineração em Brumadinho, Minas Gerais, Brasil: Projeto Bruminha“, a pesquisa mostrou que houve um aumento de 75% nos relatos de alergia respiratória entre as crianças das áreas atingidas pelo pó dos resíduos em comparação com uma localidade não atingida. 

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Além disso, a investigação, publicada no periódico Cadernos de Saúde Pública, revelou que as crianças que viviam nas comunidades expostas apresentaram três vezes mais chance de alergia respiratória que as demais. 

A faixa etária de quatro anos foi a que mais apresentou casos de comprometimento das vias aéreas superiores, inferiores e de alergias. A pesquisa mostrou ainda que o grupo exposto tem predominância de crianças não brancas.  

Além disso, os relatos de problemas foram mais frequentes entre os meninos. Conforme os pesquisadores, esse grupo “geralmente tem maior acesso ao ambiente externo, o que resulta na maior exposição à poeira”. 

Das crianças com mais de quatro anos, 68,3% tiveram rinite, sinusite ou otite; 72,2% desenvolveram pneumonia, asma, sibilos ou bronquite, além de 59,4% terem se queixado de alergias. Já crianças de até 4 anos tiveram mais sintomas como dificuldade para respirar e espirros recorrentes. 

Os dados foram coletados em julho de 2021. No total, 217 crianças de até seis anos foram avaliadas. Os pesquisadores obtiveram informações sociodemográficas e aplicaram questionários sobre sinais, sintomas e doenças respiratórias. 

O artigo investigou a situação em três comunidades atingidas por resíduos de mineração – Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Tejuco -, além da comunidade de Aranha, que não teve contato com o material. 

Poluição do ar

Segundo informações da Organização Mundial da Saúde, a exposição a poluentes atmosféricos é responsável por 7 milhões de mortes prematuras no mundo.

O rompimento da barragem também gerou mudanças na rotina da população afetada: 89,3% dos moradores de comunidades expostas relataram que precisam limpar com mais frequência suas residências devido à poeira, 89,4% também indicou que prefere o consumo de água mineral após o desastre.

Segundo a pesquisadora da Ensp/Fiocruz Ana Paula Natividade, o estudo poderá “subsidiar as ações de assistência desenvolvidas pelo SUS nas localidades e está alinhado às pesquisas sobre o impacto produtivo na saúde, realizadas pelo Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Ensp/Fiocruz. 

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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