PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Busca da polícia por drogas é maior em domicílios de pessoas negras, aponta Ipea

Bairros mais ricos e de maioria branca são praticamente imunes às entradas da polícia
A imagem mostra uma operação policial na periferia. Estudo do Ipea aponta que busca de drogas é maior em bairros mais pobres e domicílios de pessoas negras.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

9 de janeiro de 2024

Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que bairros mais ricos e com população majoritariamente branca são praticamente imunes às entradas da polícia em busca de drogas. O estudo, intitulado “Entrada em Domicílio em Caso de Crimes de Drogas: geolocalização e análise quantitativa de dados a partir de processos dos tribunais da Justiça estadual brasileira,” analisou dados de processos criminais de drogas com decisões terminativas em 2019.

A pesquisa revela que, em casos de entrada em domicílio, 56% não apresentaram informação sobre o consentimento, enquanto 34% alegaram consentimento para a entrada. Já a recusa ou negativa à entrada foi registrada em apenas 3% dos processos.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Ao analisar o perfil racial dos réus, observou-se uma proporção de 46,2% de réus negros, enquanto os brancos representam menos da metade, 21,2% dos réus. Nos casos de entrada em domicílio, a disparidade é evidente, com 23,6% referentes a réus brancos e 44,3% a réus negros.

Os dados sugerem que há uma maior proteção jurídica ao domicílio de pessoas brancas, já que as entradas sem autorização judicial prévia para busca de drogas são mais comuns nos domicílios de pessoas negras.

A motivação principal para as abordagens é o patrulhamento de rotina ou comportamento suspeito (32,5%), seguido por denúncia anônima (30,9%), denúncia não anônima (7,2%) e cumprimento de mandados (6,0%).


Ao analisar as cinco capitais com o maior número de entradas em domicílio (Brasília, Curitiba, Manaus, Fortaleza e Rio de Janeiro), o estudo destacou que, nessas cidades, as ações policiais ocorrem nos bairros mais pobres e com população majoritariamente negra. As estatísticas mostraram uma alta incidência (84,7%) dessas abordagens em áreas com renda domiciliar mensal per capita de até um salário mínimo.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano