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‘Caminho desbravado dia após dia’: médica aponta desafios por mais diversidade e inclusão na dermatologia

De acordo com a dermatologista Katleen da Cruz, para alguns profissionais ainda é um desafio cuidar de questões específicas da pele negra
A Dra. Katleen da Cruz acredita que há um avanço notável na produção de produtos para pele negra, com empresas focadas no desenvolvimento de cosméticos.

Foto: Reprodução/Getty Images

10 de julho de 2024

Manchas na pele, acne, oleosidade, falta de profissionais capacitados e produtos que deixam a pele esbranquiçada são algumas das queixas que pessoas pretas e pardas relatam quando o assunto é dermatologia. 

De acordo com a médica dermatologista Katleen da Cruz, especializada em pele negra e ativista pela diversidade e inclusão na área da dermatologia e cosmetologia, existem alguns entraves que fazem profissionais não saberem lidar com questões específicas para esse tipo de pele.

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“A grande questão é que a pele negra mancha com facilidade, logo, qualquer procedimento tomado sem o devido cuidado pode resultar na piora da mancha de forma transitória. O que pode assustar alguns dermatologistas é, justamente, o desafio de cuidar de possíveis hiperpigmentações transitórias, mais comum em peles negras ou mais pigmentadas”, explica.

Desafios no cuidado com pele negra

“As principais queixas giram em torno das manchas pós-acne e do próprio melasma, muito presente em peles mais pigmentadas. Não é incomum ver pacientes negras reclamando de olheiras e de axilas escuras, então, a indústria dermatológica se dedica a solucionar esses desafios”, afirma Katleen. 

Para a dermatologista, apesar de avanços na produção de produtos para pele negra, com empresas focadas no desenvolvimento de cosméticos específicos para as necessidades dessa população, ainda há uma jornada a ser percorrida em busca de inclusão.

“É um caminho que está sendo desbravado dia após dia. A própria população afr odescendente, na verdade, exige e solicita um aprimoramento desses produtos, não aguentando mais ser ignorada. Algumas empresas, a exemplo da L’Oréal, já dão a devida importância à pauta, se dedicando ao estudo, desenvolvimento e aprimoramento contínuo de produtos para esse público”, avalia a especialista.

Inclusão na dermatologia

O Grupo L’Oréal no Brasil lançou uma iniciativa para promover a inclusão na dermatologia, especialmente para peles e cabelos de pessoas negras. O prêmio “Dermatologia + Inclusiva” visa reconhecer e estimular pesquisas que contribuem para o avanço do estudo de questões dermatológicas de pessoas negras. 

Com isso, o grupo busca ampliar o conhecimento e a inclusão na dermatologia, considerando a diversidade de peles e cabelos presentes no Brasil. A iniciativa é composta por três pilares: projeção, equidade e ciência, e tem como objetivo tornar a dermatologia mais inclusiva no país.

A dermatologista salienta que desenvolver soluções em produtos para peles diversas é uma demanda de mercado que sempre existiu, porém nem todas as empresas dão luz à pauta.  

“No caso da L’Oréal, o programa ‘Dermatologia + Inclusiva’ chega para cumprir esse papel e iluminar um tópico que é mais do que relevante no Brasil, já que 56% da nossa população é formada por pessoas negras. Além disso, existem 66 tons de pele no mundo, somente no Brasil estão 55 deles’, finaliza Katleen.

  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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