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Câncer de mama é mais agressivo em mulheres negras no Brasil, revela estudo

Pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) investiga por que o subtipo mais agressivo da doença afeta desproporcionalmente a população negra e busca soluções para o SUS
Imagem de uma mulher negra fazendo autoexame da mama, um dos passos que podem ajudar a identificar o câncer de mama precocemente.

Foto: Reprodução/Freepik

2 de outubro de 2024

Um estudo inédito do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelou que o câncer de mama em mulheres negras apresenta um comportamento mais agressivo do que em mulheres brancas. O foco da pesquisa é o subtipo de câncer triplo negativo (TNBC), mais comum entre a população negra no Brasil.

O projeto, intitulado “Mantus – Mulheres Negras e Câncer de Mama Triplo Negativo: Desafios e Soluções para o SUS”, é o primeiro a considerar a ancestralidade como fator relevante na investigação da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama no país. O estudo visa identificar o perfil das mulheres mais afetadas pelo TNBC, levando em conta não apenas questões biológicas como também sociais, comportamentais e ambientais.

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De acordo com Sheila Coelho Soares Lima, pesquisadora à frente do estudo, a mortalidade entre mulheres negras é 67% superior à de mulheres brancas, apesar de a incidência da doença ser maior entre as brancas. 

“Temos uma população muito miscigenada e nosso objetivo era entender por que morrem mais mulheres negras de câncer de mama. Descobrimos que o subtipo mais agressivo da doença acomete quase o dobro de mulheres negras em comparação às brancas”, afirmou Sheila, durante o evento de divulgação do estudo.

Entre as hipóteses levantadas para essa maior vulnerabilidade ao TNBC, destacam-se fatores como a ancestralidade, diferenças moleculares e barreiras no acesso aos serviços de saúde.

Outros fatores considerados incluem a alimentação deficiente e a ausência de práticas regulares de exercício físico ao longo da vida. “Queremos investigar todos esses aspectos em conjunto, já que nenhum estudo até agora abordou essa complexidade, especialmente no Brasil”, explicou Sheila.

O estudo também aponta uma disparidade no acesso a exames preventivos, como a mamografia. Entre as mulheres autodeclaradas pardas, apenas 54,4% relataram realizar o exame em um intervalo de dois anos, enquanto esse número sobe ligeiramente para 56,5% entre as mulheres pretas. Fora da Região Sudeste, a cobertura da mamografia para mulheres pardas de 50 a 69 anos é ainda menor.

O principal objetivo da pesquisa é gerar dados científicos que possam ser utilizados na criação de estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e novas abordagens terapêuticas. “Considerando que 76% da população que usa o Sistema Único de Saúde é negra, os resultados que buscamos vão reduzir custos e melhorar o tratamento na rede de saúde do Brasil”, destacou a pesquisadora.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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