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Centro inédito no Brasil vai documentar e preservar 175 línguas indígenas ameaçadas

Iniciativa do Museu da Língua Portuguesa e MAE-USP atuará com comunidades originárias para registrar saberes e difundir acervo digital; 20% dessas línguas nunca foram estudadas
Marilia Marton, Renata Motta, Sonia Guajajara, Marco Antonio Zago, Altaci Kokama, Eduardo Neves e Carlos Gilberto Carlotti Junior em evento de lançamento do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas.

Marilia Marton, Renata Motta, Sonia Guajajara, Marco Antonio Zago, Altaci Kokama, Eduardo Neves e Carlos Gilberto Carlotti Junior em evento de lançamento do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas.

— Divulgação/Museu da Língua Portuguesa

21 de maio de 2025

O Brasil abriga mais de 305 povos indígenas e mais de 175 línguas originárias, muitas delas sob risco de extinção. Para enfrentar esse quadro, o Museu da Língua Portuguesa (MLP) e o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE-USP) lançaram, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas. 

O projeto pretende atuar junto às comunidades indígenas na preservação de seus idiomas e conhecimentos tradicionais, por meio de pesquisa científica, formação de acervos digitais e ações educativas.

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O lançamento oficial aconteceu em 20 de maio, no auditório do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O centro nasce com financiamento de R$ 14,5 milhões da FAPESP e terá cinco anos de duração em sua fase inicial.

Registro, acervo e difusão

A estrutura do novo centro se baseia em três frentes de ação: pesquisa e documentação linguística e antropológica; construção de um repositório digital de acesso livre; e atividades de comunicação cultural voltadas à mediação e valorização das línguas e culturas indígenas.

O foco da documentação linguística recairá sobre territórios indígenas em Rondônia e na Região das Guianas, áreas reconhecidas por sua alta diversidade linguística. Os registros incluirão textos, gravações de áudio e vídeo, artes verbais, práticas de produção de alimentos, manejo de territórios e outros sistemas de conhecimento tradicionais, produzidos com participação ativa das comunidades.

As atividades de difusão ocorrerão em parceria com instituições culturais e educacionais, e contarão com oficinas, seminários, exposições, ações formativas e publicações. O objetivo é ampliar o reconhecimento social das línguas indígenas e de seus falantes como agentes de conhecimento e memória.

Coordenação científica e apoio às comunidades

O projeto será coordenado por Maria Luisa Lucas (Antropologia) e Luciana Storto (Linguística). O Centro abrirá processo seletivo para 14 bolsistas de graduação e pós-graduação e 5 bolsistas técnicos, com incentivo à participação de estudantes e pesquisadores indígenas. Um Conselho Consultivo e um Comitê de Ética acompanharão o desenvolvimento das ações.

As parcerias com as comunidades indígenas serão firmadas com base em diálogo contínuo e metodologias colaborativas. A proposta valoriza demandas locais por documentação e acesso, e busca contribuir com os esforços de transmissão intergeracional das línguas.

Continuidade institucional e memória

A iniciativa retoma e amplia ações anteriores desenvolvidas pelos museus envolvidos. No caso do Museu da Língua Portuguesa, o projeto dá continuidade à exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação, lançada em 2022 sob curadoria de Daiara Tukano. 

“As línguas são veículos de sistemas de conhecimento e formas de expressão essenciais para a vida dos povos”, afirma em nota à imprensa Renata Motta, diretora do museu.

Já o MAE-USP, com um acervo de mais de 150 mil objetos, vê no Centro uma oportunidade de formar coleções digitais com curadoria compartilhada e em diálogo com pesquisadores indígenas. “Os registros que guardamos são únicos. O Centro nos permitirá ampliar esse trabalho com novos formatos e novas alianças”, afirma Eduardo Góes Neves, diretor do museu.


As informações completas sobre o Centro, suas ações e chamadas públicas estão disponíveis no site oficial.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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