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Comunidade de terreiro denuncia intolerância e perseguição em Alagoas

Segundo relatos, um sítio vizinho impediu o deslocamento da comunidade em um caminho historicamente utilizado pelos religiosos
Na imagem, integrantes da comunidade realizam cerimônia religiosa em Arapiraca (AL).

Na imagem, integrantes da comunidade realizam cerimônia religiosa em Arapiraca (AL).

— Reprodução / MPF

6 de maio de 2024

Uma visita da força-tarefa de proteção às Comunidades Tradicionais e Patrimônio Cultural da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco, à Fazendinha de Zé da Pinga, em Arapiraca (AL), constatou uma série de violações aos direitos religiosos da comunidade.

A região é o maior núcleo de Jurema Sagrada do Brasil e, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), vem sofrendo com intolerância religiosa, perseguição e violações ao direito de ir e vir.

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Um dos principais problemas identificados pela visita é a obstrução intencional de uma via de acesso por um sítio vizinho, que impede o deslocamento dos membros da comunidade em uma rota historicamente usada por religiosos do local.

De acordo com relato do líder espiritual da comunidade, Pai Alex, o uso dos tambores tem sido alvo de denúncias dos vizinhos a autoridades policiais, o que é descrito por ele como uma “clara tentativa de coibir a prática juremeira”.

Em nota oficial do MPF, o procurador da República Eliabe Soares, titular do Ofício de Comunidades Tradicionais, vê com preocupação a perseguição religiosa sofrida pela comunidade. 

“Vimos aqui relatos de intolerância religiosa que são inaceitáveis. Não é possível que qualquer pessoa ou autoridade ameace a prática religiosa, isso é racismo estrutural. A estrutura de estado não pode ser usada para perseguir minorias”, diz.

A visita do FPI também localizou a presença de pocilgas irregulares no entorno do terreiro, que exala um odor intenso e permanente no local. O procurador da República, Érico Gomes, relatou que as pocilgas são irregulares pela agressão ao meio ambiente e aos animais. 

A Jurema Sagrada, também conhecida como Catimbó, é uma prática religiosa ancestral que mistura elementos indígenas e de religiões de matriz africana. É mais comum em regiões do Nordeste.

Não é a primeira vez que comunidades tradicionais denunciam violações no município de Arapiraca. No início do mês, a FPI visitou o Quilombo do Carrasco e constatou a realidade de escassez de água, saneamento básico e a exploração dos recursos naturais do local.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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