A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) realizou na última terça-feira (25) o lançamento do Comitê Quilombola da Marcha das Mulheres Negras 2025. O evento ocorreu no Sítio Terra do Sol, em Brasília, e contou com a presença de ministras, lideranças quilombolas e representantes de organizações nacionais e internacionais.
O encontro reuniu cerca de 60 pessoas, incluindo a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e a ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo. Sandra Braga, coordenadora executiva da Conaq, destacou a importância da presença das autoridades para fortalecer as reivindicações do movimento.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Durante o evento, temas como saúde, segurança e acesso a direitos foram debatidos. As ministras destacaram a importância da participação quilombola nas políticas públicas e reafirmaram o compromisso do governo com as demandas do movimento.
Reivindicações das mulheres quilombolas
No encontro, as lideranças apresentaram 16 demandas principais que justificam a participação das mulheres quilombolas na marcha. Elas reivindicaram políticas públicas que assegurem acesso à terra, fortalecendo o direito à posse e a titulação dos territórios quilombolas. A regularização fundiária é considerada essencial para a preservação das comunidades e para a segurança das famílias que nelas vivem.
Outro ponto destacado é a necessidade de políticas voltadas à saúde da mulher quilombola, com atenção específica às particularidades dessas comunidades. O acesso a serviços médicos de qualidade, incluindo exames preventivos e acompanhamento gestacional, é uma das principais preocupações.
As quilombolas também ressaltaram a importância da educação diferenciada, que respeite suas tradições culturais e valorize sua identidade. Defendem a ampliação do acesso à educação básica e superior, além de programas que incentivem a formação de professores para atuar nas comunidades.
Além disso, reivindicaram políticas de combate à violência de gênero, enfatizando a necessidade de medidas efetivas para proteger as mulheres quilombolas de diferentes formas de violência. Programas de empoderamento feminino e fortalecimento da autonomia econômica são apontados como fundamentais para a superação dessas vulnerabilidades.
Outro tema abordado é o acesso a oportunidades de trabalho e geração de renda. As mulheres quilombolas reivindicam apoio para desenvolver atividades produtivas sustentáveis, como a agricultura familiar e o artesanato, além da ampliação de linhas de crédito e incentivos para empreendimentos comunitários.
Por fim, destacaram a importância da representatividade política, pleiteando maior participação nos espaços de decisão. A presença das mulheres quilombolas nesses ambientes é considerada fundamental para a construção de políticas públicas que atendam às demandas específicas de suas comunidades.
Mobilização até novembro
O comitê recém-criado pela Conaq tem como objetivo organizar a mobilização e preparação das mulheres quilombolas para a Marcha das Mulheres Negras, que ocorrerá no dia 25 de novembro, em Brasília. A expectativa é reunir um milhão de mulheres negras e quilombolas de todo o país.
O evento também teve a participação de organizações parceiras, como o Instituto Socioambiental (ISA), Fundo Baobá, Oxfam Brasil e representantes de embaixadas europeias.