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Concentração de renda motiva população de Salvador a migrar, avalia especialista

Para Tainara Ferreira, a busca por emprego e condições dignas de trabalho são os principais motivos para o aumento da migração da população soteropolitana
Na imagem, uma rua do bairro histórico de Pelourinho, na cidade de Salvador.

Na imagem, uma rua do bairro histórico de Pelourinho, na cidade de Salvador.

— Rovena Rosa / Agência Brasil

17 de agosto de 2024

Em Salvador, o índice de migração para outras cidades do país tem apresentado um crescimento nos últimos anos. De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital baiana perdeu mais de 257 mil habitantes ao longo de 12 anos.

Para Tainara Ferreira, bacharel em Ciências Políticas e consultora em relações étnico-raciais, o fenômeno pode ser explicado pelo avanço na concentração de renda na região. 

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A cidade, que ocupou a 8º posição no ranking entre capitais mais ricas do país em 2021, apresentou os piores índices de renda e desemprego no levantamento produzido pelo Instituto Cidades Sustentáveis. O estudo, de 2023, apontou que 16,7% da população soteropolitana acima de 14 anos estava desempregada. 

A especialista indica que a busca por emprego e condições dignas de vida são alguns dos principais motivos da alta na migração, que afeta majoritariamente as pessoas negras. 

“Em uma rápida observação é fácil perceber o quanto de dinheiro há em Salvador, e não é pouco. Enquanto isso, há uma parte significativa do nosso povo que não mede esforços para economizar, pois não tem renda suficiente. E muitos destes, principalmente negros, acabam indo embora de sua terra-natal para São Paulo ou Rio, buscando oportunidades para sobreviverem neste sistema”, ressalta.

A pesquisadora também reforça que o fenômeno se trata de uma consequência histórica do período escravista, que até hoje sustenta graves reflexos para a população negra. “Tendo a ascensão do capital concentrado nas mãos elite formada por brancos – que desde antes já mantinha este poder – o ‘sufocamento’ entre aqueles, oriundos das camadas mais baixas, está se tornando ainda mais evidente”, completa.

De acordo com Tainara Ferreira, Salvador tornou-se palco de um neocolonialismo bem-sucedido, como forma contínua e moderna do sistema racista e explorador sediado anteriormente, como capital brasileira após a invasão portuguesa. “Este êxodo é um projeto super rentável e concretiza o que já foi dito na música: ‘o de cima sobe e o de baixo desce’. Mas para quebrar essa corrente cruel é preciso se levantar, se rebelar, lutar em união em prol de um bem comum. Para isso, é preciso nos conscientizarmos”, completa.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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