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Contra o racismo ambiental, Eliete Paraguassu lança pré-candidatura a deputada estadual

"O racismo ambiental é a mão na roda do genocídio das comunidades", diz a ativista; com mais de 20 anos de ativismo, Paraguassu pode dar início à trajetória política institucional com a Mandata Quilombo, construída de forma coletiva com a participação de comunidades pesqueiras e quilombolas da Bahia

Eliete é uma mulher negra. Ela usa uma blusa amarela e um colar dourado

Foto: Foto: Arquivo Pessoal

6 de junho de 2022

Pela primeira vez na Bahia uma mulher negra marisqueira irá concorrer ao cargo de deputada estadual com uma mandata coletiva em defesa das pautas quilombolas. A ativista Eliete Paraguassu lançou a sua pré-candidatura pelo PSOL-BA e tem como principal pauta o combate ao racismo ambiental que atinge as comunidades tradicionais.

Natural da Ilha de Maré, na Baía de Todos-os-Santos, e com mais de 20 anos de ativismo, Eliete Paraguassu pode dar início à trajetória política institucional com a Mandata Quilombo, inédita no estado e construída de forma coletiva com a participação das comunidades pesqueiras e quilombolas da Bahia.

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Em entrevista à Alma Preta Jornalismo, Eliete conta que o momento é necessário para ter candidatos que lutem contra a violação de direitos nas comunidades tradicionais, visto o avanço da poluição ambiental provocada pelas multinacionais.

Em 2020, a quilombola se lançou como candidata à vereadora em Salvador pelo PSOL-BA, no entanto, não foi eleita. Para esse ano, a expectativa é lançar uma candidatura que traga um olhar representativo para as pautas quilombolas.

“A gente, ao longo dos anos, tem eleito figuras que não trazem o nosso tema, que não fazem esse debate para os quilombolas e os territórios pesqueiros e para nós a mandata está vindo como uma experiência maravilhosa e de construção coletiva”, conta Eliete Paraguassu.

A Ilha de Maré, território de origem da ativista, tem sido afetada pela contaminação química e o adoecimento da população devido à presença de multinacionais e indústrias petroquímicas instaladas no entorno da região desde o período da Ditadura Militar.

Leia também: Qual o caminho da titulação de terras quilombolas no Brasil?

Recentemente, moradores da Ilha de Maré relataram o surgimento de lagartas tóxicas nos manguezais, principal fonte de alimento e renda nas onze comunidades que compõem a região. Além disso, a contaminação das águas tem provocado mortes por câncer na população, inclusive em crianças.

Diante da sua atuação política pelas águas e pelo quilombo, Eliete diz que tem sido ameaçada por causa das denúncias contra o setor empresarial e industrial na Ilha de Maré. No entanto, ela conta que acredita que a pauta do racismo ambiental deve ser encarado como prioridade dentro dos espaços políticos e institucionais.

“O racismo ambiental é a mão na roda do genocídio das comunidades, da violação de direitos, que traz aos territórios o direito de não ter dignidade, de não enterrar os nossos mais velhos. Isso foi tirado de nós”, pontua.

A previsão é que a Mandata Quilombo seja lançada até o dia 20 de junho. Enquanto isso, Eliete Paraguassu tem feito articulações com os movimentos quilombolas dos mais de 400 municípios da Bahia.

“Minha expectativa é trazer para o debate a questão do racismo ambiental, da violação de direitos nas comunidades negras quilombolas e periféricas, enfrentar esse Estado que negocia vidas, que tira direitos e a gente quer trazer para o debate essa violação de direitos que o modelo de desenvolvimento tem trazido para os territórios sem considerar a potência dessas comunidades”, enfatiza.

Leia também: ‘O que gente vive na Ilha da Maré é racismo ambiental’, denuncia Eliete Paraguassu

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