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Controladoria-Geral da União investiga denúncias de assédio moral e racismo contra o Ministério das Mulheres

O órgão disse que solicitou informações à pasta das Mulheres sobre as denúncias; acusações envolvem a ministra Cida Gonçalves e a secretária Maria Helena Guarezi.

Foto: A secretária-executiva Maria Helena Guarezi e a ministra Cida Gonçalves. Foto: Audiovisual/G20

22 de outubro de 2024

A Controladoria-Geral da União (CGU) investiga denúncias de assédio moral e racismo no Ministério das Mulheres. Em nota, o órgão disse que solicitou, na segunda-feira (21), informações à pasta sobre as acusações contra a ministra Cida Gonçalves e a secretária-executiva Maria Helena Guarezi, divulgadas com exclusividade pela Alma Preta.

Servidoras e ex-funcionárias relataram situações de assédio moral e racismo dentro do Ministério das Mulheres, em especial contra mulheres negras. A Alma Preta conversou com 17 funcionárias e ex-funcionárias da pasta, que confirmaram as situações de assédio dentro do órgão. Todas pediram anonimato com medo de represálias.

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Em resposta à reportagem, a CGU esclareceu que tomou conhecimento das denúncias envolvendo o Ministério das Mulheres por meio da imprensa. Diante disso, informou que solicitou informações oficiais à pasta para o devido acompanhamento e adoção de medidas cabíveis, conforme as competências legais da controladoria.

De acordo com o site do governo, a Controladoria-Geral da União é o órgão do governo federal responsável pela defesa do patrimônio público e pelo incremento da transparência na gestão, por meio de ações de controle interno, auditoria pública, correição, ouvidoria e prevenção e combate à corrupção.

A Controladoria Geral da União entende assédio moral como uma “conduta [que] seja reiterada e prolongada no tempo, com a intenção de desestabilizar emocionalmente a vítima”, e que pode ter como desdobramentos: “diminuição da autoestima do servidor”, “desmotivação”, “licenças médicas frequentes” e “exposição negativa do nome do órgão ou instituição”.

Ao todo, 59 pessoas saíram do Ministério das Mulheres desde o início da gestão, segundo dados disponibilizados no Diário Oficial da União. 

A reportagem também solicitou um posicionamento da Comissão de Ética Pública da Presidência e espera um retorno.

Assédio moral e racismo

De acordo com os relatos, Carmen Foro, que esteve à frente da Secretaria Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política (Senatp) até agosto deste ano, e sua equipe foram uns dos alvos de Cida Gonçalves. Foro, inclusive, teria sido exonerada em 8 de agosto deste ano, enquanto estava de atestado médico por transtornos adquiridos depois de começar a trabalhar no Ministério das Mulheres.

A reportagem teve acesso a uma gravação feita durante uma reunião da ministra com as servidoras logo após a exoneração de Carmen Foro, no dia 12 de agosto.

Na reunião, que não teve a presença de Carmen Foro, a ministra acusou a ex-secretária de priorizar fazer campanha política no Pará visando as eleições de 2026 em vez do trabalho na pasta e chega a ameaçar o emprego das servidoras que eram da equipe de Foro.

Já a denúncia de racismo se direciona à secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guarezi, quem assume a chefia do ministério na ausência de Cida Gonçalves. 

Durante uma reunião da pasta na Escola Nacional de Administração Pública (Enap) no dia 24 de abril, Guarezi disse à ex-secretária para se sentar porque o cabelo de Carmen Foro estaria atrapalhando a visão do espaço. Foro tem cabelo crespo. A declaração foi confirmada à Alma Preta por cinco pessoas que estavam na reunião.

A ministra Cida Gonçalves não estava na reunião, mas foi informada dos fatos. Nenhuma ação foi tomada ou repreensão à Guarezi foi feita.

Em nota, o Ministério das Mulheres afirmou ser “contra todo tipo de discriminação e toma providências em relação a todas as denúncias que são formalizadas nos canais competentes do órgão”. 

  • Fernando Assunção

    Atua como repórter no Alma Preta Jornalismo e escreve sobre meio ambiente, cultura, violações a direitos humanos e comunidades tradicionais. Já atua em redações jornalísticas há mais de três anos e integrou a comunicação de festivais como Psica, Exú e Afromap.

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