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Covid-19: qual a melhor máscara para usar diante da variante Ômicron?

Já se sabe que a principal forma de contágio pela Covid-19 é por gotículas pequenas suspensas no ar, o que, diante do aumento de casos causado pela cepa mais transmissível, torna essencial a busca por melhores formas de se proteger da contaminação

A imagem mostra uma máscara PFF2 sobre um fundo preto.

Foto: Foto: Jonathan J. Castellon on Unsplash

11 de janeiro de 2022

A variante Ômicron do vírus que causa a Covid-19 impulsionou um aumento de contaminações em todo o mundo e já é considerada a mais transmissível até então. Diante da explosão de casos, sobretudo após as confraternizações do final do ano, e do alto poder contagioso da nova cepa, aliada também aos expressivos casos de gripe pelo Brasil, utilizar melhores máscaras e continuar com os cuidados de prevenção tornam-se necessários.

Denize Ornelas, médica de família e comunidade e diretora da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade (APMFC), destaca que este não é um momento de redução e flexibilização do uso de máscaras, mesmo em lugares ao ar livre ou em espaços com boa ventilação.

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“Eu não acredito que essa redução é inteligente nesse momento. Por mais que a gente estivesse em um momento de aparente controle em relação às transmissões comunitárias, principalmente da variante delta, que foi a que predominou no país a partir de agosto, a gente já tinha informações do mundo de que a variante Ômicron já vinha predominando na transmissão comunitária e era muito infecciosa”, pontua a médica.

Além disso, de acordo com Beatriz Klimeck, doutoranda em saúde coletiva e divulgadora científica no ‘Qual máscara?’, hoje já se sabe que a principal via de contágio da Covid-19 são por aerossóis, partículas muito pequenas, menores que as gotículas pesadas da saliva, que saem da boca das pessoas e que ficam suspensas no ar por bastante tempo.

“Então, mesmo que você esteja em um lugar aberto, com ventilação, mesmo em poucas pessoas, se uma pessoa estiver contaminada com o Ômicron e espalhar essas gotículas no ar, em um curto espaço de tempo, as pessoas em volta se contaminam também”, reforça a médica Denize.

Diante disso e ainda sem uma real dimensão de como o Brasil segue em casos ativos de Covid, devido ao apagão de dados governamentais que ainda perdura, o que se sabe é da importância de se considerar máscaras melhores para garantir uma maior proteção. Além disso, Beatriz Klimeck destaca a necessidade de um foco maior na limpeza e ventilação do ar.

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Máscaras de tecido não são recomendadas

Especialistas atestam que as máscaras de pano e tecidos, como os chamados antivirais, não são suficientes para garantir proteção. Um dos problemas apontados é que elas não precisam atender a um padrão de saúde, ao contrário das máscaras PFF2, também conhecidas como N95 pelo modelo inglês, que tem Certificação de Aprovação (CA). Sem uma certificação como essa, não é possível atestar a eficácia de proteção.

“Na realidade, as máscaras de pano sempre foram uma solução controversa que foi feita no momento que a gente tinha escassez de matéria-prima no mundo para produzir as máscaras cirúrgicas e as máscaras PFF2”, pontua Denize Ornelas.

Segundo a médica, foi demonstrado que as máscaras de pano com três camadas conseguiriam exercer um poder de filtragem, mas que sempre soube-se que essa eficácia era inferior ao das máscaras usadas como equipamento de proteção individual.

“As máscaras de pano tem mais dificuldade de ficarem ajustadas ao rosto, são máscaras que caem mais e o nariz fica aparecendo. Sem contar que outras máscaras ainda continuam sendo usadas, como máscaras de crochê e máscara de meia. Essas de pano em geral devem ser eliminadas, principalmente em pessoas que já estão doentes”, destaca a médica Denize.

PFF2 segue como a mais recomendada

As máscaras padrão PFF2, que possuem CA validando sua qualidade e são sem válvula, oferecem maior proteção, quando bem ajustadas ao rosto e de preferência com a tira elástica na cabeça, contra a variante Ômicron e também ao vírus da gripe. Podem ser encontradas em lojas de material de construção, farmácias e também em espaços como os identificados no site PFF para Todos. Existem modelos até de dois reais disponíveis.

Em relação às máscaras cirúrgicas, a divulgadora científica Beatriz Klimeck pontua que a máscara PFF2 também sai na frente por poder ser reutilizada e por ter uma duração maior de horas seguidas a serem utilizadas.

“A gente fala que a PFF2 é a única máscara que consegue de fato proteger em relação aos aerossóis. Então a gente recomenda por várias razões. A primeira é que ela pode ser reutilizada, a máscara cirúrgica não pode. A máscara cirúrgica tem que ser descartada depois de um uso de 4 horas, sendo que a PFF2 tem um uso bem mais prolongado. Você pode usar ela por 12 horas seguidas sem problema”, destaca.

Alguns cuidados que devem ser tomados com a máscara PFF2 é quanto à reutilização. Não se pode lavar ou jogar álcool. Após o uso, ela precisa ser pendurada em algum local por sete dias e no mínimo três, sem luz solar direta, para que as partículas virais que estejam ali se inativem.

O ideal, portanto, seria ter uma máscara para cada dia de exposição, sendo importante descartá-las ao rasgarem ou se estiverem gastas. Recomenda-se uma utilização por até 15 dias e é preciso ter atenção na hora de retirar as máscaras, evitando o toque na parte frontal.

“Nesse sentido, por poder reutilizar e pensando no custo, a gente não vê porque indicar máscaras cirúrgicas hoje. A gente tem boa disponibilidade de PFF2 e as máscaras cirúrgicas produzem mais lixo no fim das contas”, comenta Beatriz.

Além disso, as máscaras KN95 não são recomendadas por muitos modelos serem falsificados e não cumprirem os mesmos requisitos do padrão PFF2. Caso máscaras melhores não estejam disponíveis, o ideal é utilizar máscara cirúrgica com uma de pano por cima e, uma última opção, são as de pano com pelo menos mais de uma camada ou cirúrgicas bem ajustadas.

Segundo estimativas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e também divulgadas pela Folha de São Paulo, duas pessoas utilizando uma máscara PFF2 mesmo mal ajustadas ao rosto podem ter 25 horas para serem infectadas com a Ômicron. Duas pessoas com máscaras de pano teriam 27 minutos.

“Essa questão de tempo é muito relativa e vai depender de muitos fatores, mas eu acho que a principal informação do estudo é mostrar como as máscara PFF2 de longe são as melhores que você pode usar”, pontua Beatriz Klimeck.

Aprender a conviver com o vírus?

Muito se tem discutido sobre a possibilidade da Covid-19 se tornar endêmica, permanecendo em alguns locais e populações. A divulgadora científica Beatriz Klimeck diz que, mesmo com essa possibilidade, não significa que a doença terá uma gravidade menor ou não será preocupante.

“A questão da endemia é que ela vai se tornar um pouco mais previsível, mas que vai continuar aí. A Covid-19 de forma nenhuma pode ser entendida como uma doença que a gente pode pegar várias vezes, que não tem problema. A gente não sabe ainda quais são os efeitos a médio prazo da doença no corpo, então, conviver com ela também significa entender de que formas a gente pode sempre se prevenir dela”, destaca. Nesse sentido, segundo ela, distanciamento social, uso de máscaras e cuidados de higiene como limpeza de mãos e uso de álcool gel seguem sendo necessários.

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