Olimpíadas 2024

Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Discurso nazista de premiê húngaro causa revolta e renúncia de assessora

"Estamos dispostos a nos misturar uns com os outros, mas não queremos nos tornar mestiços", afirmou o primeiro-ministro Viktor Orbán; fala causou revolta internacional

Imagem mostra o premiê húngaro Viktor Orbán, autor de fala com teor nazista, durante um discurso.

Foto: Imagem: Reprodução/Alan Santos

27 de julho de 2022

Mais uma vez, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán teceu comentários de cunho nazista, exaltando uma “raça húngara não misturada”. Como resultado, ontem (26) a Assessora de Inclusão Social da Húngria, Zsuzsa Hegedus, renunciou ao cargo, afirmando que a fala de Orbán representa um “puro texto nazista”.

Em sua carta de demissão, Hegedus – que trabalhou próxima a Orbán por 20 anos – afirmou que “o discurso vergonhoso de sábado [23] passou dos limites. Não sei como o senhor não percebeu que o discurso que fez é pura retórica nazista, digna de Joseph Goebbels [ministro da propaganda nazista de Hitler]”.

Segundo nota oficial, o Comitê Internacional de Auschwitz ressaltou que está “horrorizado” com o posicionamento “estúpido e perigoso” do premiê e pediu à União Europeia (UE) que “se distancie das conotações racistas” do primeiro-ministro húngaro.

“O Holocausto foi o assassinato em massa de milhões de judeus, bem como homossexuais, ciganos, Testemunhas de Jeová e outras minorias, durante a 2ª Guerra Mundial, a partir de um programa de extermínio sistemático patrocinado pelo partido nazista de Adolf Hitler”, enfatizou o Cômitê por meio de nota.

Christoph Heubner, vice-presidente do cômitê, ainda declarou à AFP que fez um pedido para que o chanceler austríaco, Karl Nehammer, que receberá Orbán em uma visita oficial a Viena nesta quinta (28), mantenha distância do premiê húngaro.

“Devemos fazer o mundo entender que o senhor Orbán não tem futuro na Europa”, afirmou Heubner.

Preconceito não é novidade no país – nem exclusividade de Orbán

Atos racistas na Húngria têm sido recorrentes, sobretudo, nos eventos esportivos. Um caso ocorrido há um ano, na última edição da UEFA Euro, resultou em punição à torcida húngara em junho deste ano, durante um jogo de futebol da UEFA Nations League. A partida, realizada em Budapeste, capital do país, aconteceu de portões fechados, sem torcida, seguindo a determinação da UEFA depois que os torcedores cantaram músicas homofóbicas e racistas na Euro 2020, durante a fase de grupos.

Além disso, ao longo de quatro mandatos consecutivos, sendo o premiê mais longevo da história húngara, o nacionalista Viktor Orbán promoveu ataques a imigrantes, à comunidade LGBTQIA+, a entidades de direitos humanos e ao sistema judiciário da Hungria.

O discurso considerado nazista aconteceu no último sábado (23), na Transilvânia, região da Romênia com grande comunidade húngara. Durante sua fala, Orbán disse que os povos europeus deveriam ser livres para se misturar uns com os outros, mas que a mistura com não-europeus criava um “mundo mestiço”.

“Estamos dispostos a nos misturar uns com os outros, mas não queremos nos tornar mestiços”, declarou ele.

O primeiro-ministro húngaro foi um dos poucos líderes europeus presentes na posse de Jair Bolsonaro (PL), em 2019. Poucos meses depois, em abril, recebeu Eduardo Bolsonaro em Budapeste, quando o filho do presidente estava à frente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Leia também: ‘Racismo no Leste Europeu é herança nazista, avalia cientista política’

Leia Mais

Quer receber nossa newsletter?

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano