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Patrimônio nacional, baianas do acarajé ainda enfrentam barreiras para manter tradição viva

Dia Nacional das Baianas é comemorado nesta quinta (25). Apesar do reconhecimento no calendário nacional, categoria ainda luta por direitos à saúde, renda e igualdade

Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Lenne Ferreira | Foto: Divulgação/Lia de Paula/MinC

Em dia nacional, baianas ainda enfrentam barreiras para manter tradição viva

Em dia nacional, baianas ainda enfrentam barreiras para manter tradição viva

25 de novembro de 2021

Consideradas patrimônio nacional e imaterial da Bahia, as baianas de acarajé são homenageadas nacionalmente nesta quinta-feira (25) e simbolizam a luta de mulheres que mantêm viva a cultura, tradição e a resistência da ancestralidade africana no Brasil. Reconhecido como profissão desde 2005, o ofício das baianas de acarajé representa uma vitória de emancipação para a categoria, inicialmente formada por mulheres negras que saíam pelas ruas com a venda de quitutes para poder comprar a sua liberdade e também sobreviver.

Apesar da sua importância e reconhecimento, as baianas ainda encontram barreiras para se manterem nos tabuleiros, já que estão desde 2015 sem a revalidação do título de patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e desde 2017 sem a renovação do selo pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac).

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Leia também: Tabuleiro das Baianas: tática de sobrevivência das mulheres negras no Brasil

O cenário tem se tornado ainda mais sensível devido à crise financeira gerada pela pandemia e a escassez de políticas públicas voltadas para a categoria. Baiana há quase dez anos no bairro de Itapuã, Rosalva dos Santos, 63, conta que chegou a passar necessidade no início da pandemia, junto com o neto, de 14 anos. Para ela, apesar da celebração, é necessário que a valorização das baianas seja refletida em políticas públicas mais efetivas por parte do governo estadual e nacional.

“Eu tenho orgulho de ser baiana e trabalhar com o que eu amo. Agora, acho que tinha que existir um movimento coletivo que valorize as baianas não só por causa do turismo, mas também por causa da história e de tudo que a gente representa”.

“Nós somos as representantes do Brasil”

ACARAJE IPHAN CRED FRANCISCO DA COSTAFoto: Divulgação/Iphan/Francisco da Costa

Atualmente, cerca de três mil baianas são regulamentadas na Bahia, segundo a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam). A renovação do selo de patrimônio cultural é feita de dez em dez anos pelo Iphan e a cada cinco anos pelo Ipac e é essencial para salvaguardar a atuação e a importância das baianas, figuras emblemáticas na história da Bahia e do Brasil. A Alma Preta questionou o Ipac e o Iphan sobre a demora na concessão da renovação e quais encaminhamentos já foram feitos, no entanto, não obtivemos resposta até o fechamento da matéria.

Segundo Rita Santos, presidente da ABRAM, mesmo com uma série de direitos conquistados, a categoria busca pelo reconhecimento mundial e pede por políticas públicas de saúde e economia que garantam a sobrevivência das baianas.

“Nós precisamos de políticas públicas na área da saúde, principalmente nesse momento. Por conta da pandemia, temos muitas baianas que ainda não puderam voltar a trabalhar porque não tem o dinheiro para comprar mercadoria. Temos baianas em casa ainda dependendo de cestas básicas; baianas que venderam seus tabuleiros, que venderam o seu botijão de gás para comprar comida para dentro de casa e agora não está conseguindo retornar ao seu trabalho”.

A presidente vê a celebração como um marco de resistência. “O dia 25 de novembro é uma data para a gente marcar território, para mostrar para a sociedade que nós estamos aqui e vamos continuar por mais 300 anos. É uma data de resistência, é uma data de perseverança […] O dia das baianas é os 365 dias do ano que a baiana tem que ser respeitada e valorizada”, completa.

Celebrações

Anualmente, as baianas de acarajé organizam diversas atividades e atos pelo Centro Histórico de Salvador em comemoração à data. Missas e apresentações culturais fazem parte da programação, marcada pela ancestralidade e manifestações das religiões de matriz africana. Confira abaixo a programação completa em Salvador:

14h – Concentração no Terreiro de Jesus – Pelourinho

15h – Missa na Igreja do Rosários dos Pretos – Pelourinho

16h – Cortejo com baianas pelas ruas do Pelourinho

17h – Exposição em homenagem às baianas na Praça Cruz Caída

18h – Apresentações culturais na Praça Cruz Caída

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  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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