A maior bacia hidrográfica do mundo, localizada no Estado do Amazonas, registrou em setembro a menor cobertura de água em cinco anos. A informação é do projeto MapBiomas, que se baseia em análises de imagens de satélite.
No último ano houve uma redução de quase 14 mil km², área maior do que a capital Manaus (AM), que é de 11 mil km². Em setembro, a parte do Amazonas coberta por água foi 40% menor em comparação a 2022, quando foi registrado o pico da superfície aquática desde 2018.
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Populações ribeirinhas, indígenas, extrativistas, quilombolas e urbanas relatam dificuldades de pescar e obter água e medicamentos. O governo estadual declarou emergência e, com apoio do governo federal, envia ajuda humanitária.
A perda de superfície de água em setembro de 2023 no Amazonas ficou entre 530 a 630 mil, aproximadamente a área total do Distrito Federal. Cerca de 25 municípios tiveram perda de mais de 10 mil hectares de superfícies de água, sendo que os cinco primeiros do ranking perderam mais de 40 mil hectares.
Imagens divulgadas mostram peixes e botos mortos, além de comunidades isoladas e destruídas por desabamentos causados pela seca que assola a região há semanas. O estado do Amazonas é o epicentro da estiagem que atinge a Amazônia.
Os pesquisadores Bruno Ferreira e Carlos Souza Jr, que assinam o estudo, explicam como os fenômenos naturais atingem as regiões.
“Os efeitos do El Niño severo de 2023 e do aquecimento do Atlântico Norte têm sido considerados como os principais fatores que estão contribuindo com a seca severa na região, o que pode ser de maior intensidade do que a seca de 2010 [ano da pior estiagem da história do estado]”, escreveram os pesquisadores.
Rio Negro chega ao nível mais baixo da história
O Rio Negro registrou o índice mais baixo desde o inicio das medições em 1902, com uma vazante de apenas 13,59 metros. Pesquisadores identificaram áreas severamente afetadas pela redução da superfície aquática. Isso inclui a seca no Lago Tefé, que resultou na morte de mais de 100 botos.
Imagens de satélite revelam que lagos inteiros secaram em áreas de várzea na Reserva Extrativista Auatí-Paraná. A seca no Lago de Coari também teve impactos significativos no acesso a alimentos, medicamentos e no calendário escolar.
“O impacto na biodiversidade aquática tem sido reportado em várias localidades, mas ainda não foi estimado, podendo atingir proporções alarmantes. Além disso, o Amazonas encontra-se com alta vulnerabilidade à queimadas, o que aumenta o risco às populações e à economia”, completam os estudiosos.