PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Estado da Paraíba é julgado por omissão em crimes contra sem-terra

Caso seja condenado, o estado deverá impor medidas de prevenção a novos crimes e o pagamento de indenização às famílias afetadas
imagem mostra dois cartazes com os rostos dos dois homens mortos durante disputa de terras na Paraíba.

imagem mostra dois cartazes com os rostos dos dois homens mortos durante disputa de terras na Paraíba.

— Acervo/CPT Nordeste

8 de fevereiro de 2024

A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) vai julgar o estado da Paraíba por suposta omissão nas investigações e falta de responsabilização no assassinato e desaparecimento de lideranças de trabalhadores sem-terra. O julgamento acontece na Costa Rica entre nesta quinta (8) e sexta-feira (9).

Serão analisados o assassinato do trabalhador rural Manoel Luiz da Silva, em 1997, e o desaparecimento de Almir Muniz da Silva, liderança rural e defensor dos direitos humanos, em 2002. Os crimes aconteceram durante conflitos por terras e luta pela reforma agrária. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Segundo publicação da Agência Brasil, os casos foram apresentados à Corte IDH por iniciativa da Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Almir Muniz, da Comissão Pastoral da Terra da Paraíba, e das Organizações Dignitatis e Justiça Global. Os movimentos cobram responsabilização do estado pelos crimes cometidos. 

A Corte vai deliberar sobre a omissão do estado brasileiro, além de investigar e punir os responsáveis pelo assassinato de Manoel Luiz da Silva, que foi morto a tiros em São Miguel de taipu (PB). A vítima tinha 40 anos e deixou esposa grávida e um filho pequeno.

Após a inclusão de seu parecer em novembro de 2021, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) afirmou que, apesar das inúmeras provas que apontam os responsáveis pelo crime, a omissão da polícia inviabilizou a sequência judicial e penal dos envolvidos, inclusive do autor intelectual. 

Na sexta-feira (9), a Corte IDH vai julgar o desaparecimento de Almir Muniz da Silva, em Itabaiana (PB) em 2002. Na época, Muniz era uma liderança ativa na associação de trabalhadores do município e denunciava a formação de milícias no estado. 

A investigação da CIDH aponta para o envolvimento de policiais civis no sumiço do trabalhador. 

Caso o estado da Paraíba seja considerado culpado, a Corte IDH pode determinar que o Brasil tome medidas de reparação às famílias afetadas e a implantação de políticas capazes de evitar novos crimes.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano