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Fogo Cruzado: Bahia recebe aplicativo que emite alerta de tiroteios

Idealizado pelo Instituto Fogo Cruzado, o aplicativo será lançado nesta sexta-feira (1) e também irá contar com estatísticas sobre a violência armada em Salvador e Região Metropolitana

Imagem enquadra dois celulares que mostram um aplicativo

Foto: Foto: Divulgação/Instituto Fogo Cruzado

28 de junho de 2022

Produzir dados, monitorar e analisar a segurança pública da população. Esse é um dos principais objetivos do aplicativo Fogo Cruzado, voltado para o registro de dados e emissão de alertas sobre tiroteios na cidade. Pela primeira vez na Bahia, o programa será disponibilizado em Salvador e Região Metropolitana a partir desta sexta-feira (1).

Criado pelo Instituto Fogo Cruzado, o programa passou a funcionar em 2016 na região Metropolitana do Rio de Janeiro e opera de forma colaborativa, com a coleta de denúncias anônimas sobre tiroteios e violência por arma de fogo na cidade. O aplicativo também é essencial para evitar que a população se desloque para locais inseguros.

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A plataforma traz um mapa da cidade, onde é possível registrar em quais regiões houve ocorrência de disparos e se foram registrados mortos e feridos, por exemplo. Com isso, os usuários do aplicativo serão alertados quando alguma ocorrência for cadastrada, além de ter acesso a estatísticas e indicadores sobre a violência armada.

A escolha pelo lançamento na Bahia se deu pelo alto índice de violência armada. Segundo dados da Rede de Observatórios da Segurança, a Bahia possui a polícia mais letal do Nordeste. Além disso, entre 2004 e 2019, o Estado acumulou o maior número de mortes por arma de fogo, com uma demanda que cresceu mais de cinco vezes.

Segundo Cecília Oliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado e especialista em segurança pública, é preciso compreender o panorama do Estado para construção de políticas públicas.

“Quando falamos de violência armada, sabemos muito pouco […] Mas há muito mais a ser destrinchado: quem são as vítimas, onde ocorrem as mortes, com que frequência, em decorrência de quê. Mas ainda há um dado que não tínhamos ideia: o número de tiroteios. Isto, porque a depender da situação, não viraria um registro policial […] Isso precisa ser analisado, somado a outras informações já existentes, para que se pense em soluções que de fato possam ter algum impacto”, comenta a especialista.

WhatsApp Image 2022 06 28 at 11.44.23Usuários recebem notificações sobre tiroteios na cidade | Foto: Divulgação/Instituto Fogo CruzadoDesde que foi lançado, o aplicativo do Instituto Fogo Cruzado já monitorou mais de 42 mil disparos de arma de fogo e mais de nove mil operações policiais. Atualmente, o serviço também está disponível na Região Metropolitana de Recife.

Além de receber notificações anônimas de usuários, o aplicativo também conta com informações coletadas via imprensa e canais das autoridades policiais. Ao final do mês, o Instituto divulga um relatório com os dados coletados.

De acordo com Cecília Oliveira, o acesso aos dados de segurança pública é fundamental para cobrar tomadas de decisão por parte do poder público. No Rio de Janeiro, os dados do Fogo Cruzado auxiliaram na criação de uma lei municipal que suspende as aulas durante tiroteios a fim de manter a integridade física de estudantes e funcionários.

“O Fogo Cruzado contabiliza os tiroteios e seu impacto, transformando isso em uma base de dados para auxiliar na tomada de decisão, na elaboração de políticas mais eficazes, e também para que a população tenha em mãos as informações para cobrar os responsáveis pela situação que a coloca em risco”, explica.

Para ter acesso ao programa, basta buscar por “Fogo Cruzado” na loja de aplicativo do celular. O download é gratuito e compatível com os sistemas Android e iOS (iPhone).

“Nossa expectativa é que a população seja nossa parceira e entenda a importância do mapeamento coletivo desses dados para garantir que políticas públicas de prevenção à violência armada possam ser criadas. E só com a participação daqueles que vivem a realidade da violência no dia a dia vamos conseguir isso”, completa Cecília Oliveira.

Leia também: Câmeras corporais são a solução para a redução da letalidade policial no Brasil?

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