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Gestantes negras têm alta de mortalidade por hipertensão; taxa cai em outros grupos

Dados do Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra revelam diferenças raciais na mortalidade de mulheres grávidas
Mulher grávida com as mãos na barriga vestindo um moletom cinza

Foto: __dahc/Nappy

24 de outubro de 2023

Nesta segunda-feira (23), foram divulgados os dados do Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra, uma iniciativa conjunta dos ministérios da Saúde e da Igualdade Racial. O relatório revela que a mortalidade materna no Brasil afeta de forma desproporcional as mulheres negras.

Durante o período de 2010 a 2020, a mortalidade materna devido à hipertensão aumentou 5% entre as mulheres negras. Nos outros grupos étnicos, houve uma redução na mortalidade por hipertensão, com uma queda de 30% entre as mulheres indígenas, 6% entre as mulheres brancas e 1,6% entre as mulheres pardas.

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O relatório indica também que a COVID-19 foi uma das principais causas de morte materna no Brasil em 2020, representando 22% do total de óbitos maternos registrados. Além disso, os dados revelam que, das mortes maternas por COVID-19 no país, 63,4% ocorreram entre mulheres negras e pardas. 

Conforme comunicado do Ministério da Saúde, esses dados ressaltam o impacto do racismo como um dos fatores sociais determinantes para o bem-estar, revelando maior vulnerabilidade da população negra no acesso às políticas de saúde já existentes. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou que combater o racismo é uma parte essencial da agenda de desenvolvimento sustentável e da busca pela equidade.

Composto por quatro volumes, o relatório representa uma ferramenta fundamental para rastrear os indicadores de saúde entre a população negra, orientando as políticas públicas voltadas à luta contra o racismo, à redução das desigualdades e à promoção da saúde nos próximos anos. 

Pré-natal cresce mais entre mulheres negras, mas acesso é maior para brancas

A pesquisa revela um aumento geral na proporção de mães que informaram ter feito sete ou mais consultas de pré-natal, passando de 60,6% em 2010 para 66,5% em 2015 e, posteriormente, para mais de 71% em 2020. O maior crescimento foi observado entre as mães negras e pardas, com um aumento de 22,6% em 2010 e 19,5% em 2020, respectivamente.

No entanto, as mulheres que se autodeclaram como brancas continuam a apresentar a maior proporção de acesso a sete ou mais consultas pré-natais, o que foi apontando por 80,9% das mães consultadas. Em seguida, vêm as mulheres amarelas (74,3%), pretas (68,7%), pardas (66,2%) e indígenas (39,4%).

Recém-nascido com baixo peso

Outro dado significativo aponta que a proporção de crianças nascidas vivas com peso inferior a 2,5 kg aumentou entre as mães negras, passando de 8% em 2010 para 10,1% em 2020. Esse percentual também teve um aumento entre as mães pardas e indígenas, enquanto diminuiu entre as mães amarelas e se manteve estável entre as mães brancas. Na média geral, a proporção de recém-nascidos com baixo peso permaneceu constante, indo de 8,4% para 8,6% no mesmo período.

De acordo com o Ministério da Saúde, o peso ao nascer é um dos indicadores mais impactantes na saúde e na sobrevivência infantil, pois evidências epidemiológicas demonstram que crianças que nascem com peso inferior a 2,5 kg enfrentam um maior risco de mortalidade.

Malformações e óbitos infantis 

O relatório também aponta que de2010 a 2020, as principais causas de morte infantil foram malformações congênitas, que são alterações estruturais ou funcionais que ocorrem durante a vida intrauterina, e prematuridade. Essas condições representaram, respectivamente, 21,6% e 16,3% dos óbitos registrados.

A partir de 2015, as malformações congênitas passaram a ser a principal causa de morte entre a população negra e parda, superando a prematuridade e as infecções perinatais. Entre os recém-nascidos negros, a proporção de óbitos devido a malformações congênitas aumentou de 16,7% em 2010 para 19,1% em 2020, enquanto entre os pardos, esse percentual subiu de 16,1% para 20,3% no mesmo período.
Por outro lado, houve uma redução nas taxas de óbitos causados por prematuridade ao longo dos anos analisados. Em 2010, a proporção de óbitos devido à prematuridade entre crianças negras e pardas era de 17,1% e 19,7%, respectivamente, diminuindo para 14,8% e 15,5% em 2020.

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  • Bárbara Cavalcante

    Jornalista formada pela Universidade Anhembi Morumbi, desde a adolescência é imersa em projetos sociais. Apaixonada por futebol e cultura pop, é nascida e criada na Zona Leste de São Paulo. Atua como social media e é aprendiz de redatora.

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