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Google recebe processo por permitir conteúdos policiais abusivos

Ação civil do MPF pede exclusão de conteúdos com discurso de ódio e violência postados por policiais no YouTube, além do pagamento de multa de R$ 1 milhão
A imagem mostra um celular acessando a plataforma de busca “Google”.

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

6 de maio de 2024

O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) e a Defensoria Pública da União (DPU) iniciaram uma ação civil pública contra o Google e responsáveis por canais da plataforma de vídeos YouTube, onde foram identificados discursos de ódio e incitação à violência por agentes policiais.

Segundo o MPF, há uma grande quantidade de postagens de policiais com teor violento e discriminatório, o que, segundo o órgão, incita a violência e estigmatiza comunidades pobres, pretas e periféricas. A apuração teve início após uma reportagem do Ponte Jornalismo denunciar um caso onde um policial descrevia as abordagens violentas cometidas por ele.

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No vídeo denunciado pelo veículo, um sargento do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro confessa ter agredido uma criança de 12 anos durante uma abordagem. “Peguei e dei uma porrada no moleque, que já cambalhota e caiu nas caixas de cerveja que ficam empilhadas”, diz o policial em trecho do vídeo.

Entre os requerimentos da ação, o MPF e o DPU solicitam a condenação do Google ao pagamento de R$ 1 milhão por indenização e R$ 200 mil aos policiais militares por danos morais coletivos.

A ação busca garantir que o Estado aplique medidas disciplinares aos policiais que confessaram condutas violentas e abusos institucionais, além de regulamentar o uso de redes sociais para todos os agentes de segurança.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Julio Araujo, classifica a falta de investigação e medidas em relação à conduta dos policiais e aos eventos relatados nos vídeos como “extremamente preocupante”. 

“Essa omissão permite que práticas prejudiciais persistam sem consequências, minando a confiança na instituição policial e expondo comunidades a potenciais danos”, destaca o procurador em nota oficial.

O MPF e o DPU solicitaram à Justiça Federal a exclusão imediata dos trechos mencionados na ação e a adoção proativa de medidas pela Google para casos futuros. Os órgãos solicitam que o Google realize a fiscalização e a moderação dos conteúdos de canais específicos, como o Copcast, Fala Glauber, Café com a Polícia e Danilsosnider.

Também foi solicitado que a Justiça determine ao Estado que regulamente o discurso de ódio ou discursos perigosos proferidos por membros da Polícia Militar, adotando as medidas disciplinares em relação aos casos já mencionados na ação judicial.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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