A Frente Cavalcanti é formada por jovens moradores da periferia de Cavalcanti, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, e atua para fortalecer os moradores nos eixos cultural, artístico e educacional. Além do suporte para combater os efeitos mais drásticos da Covid-19 na região, com arrecadação de alimentos e kits de higiene para os moradores, o objetivo inicial era fortalecer e resgatar a história da periferia.
O coletivo organizou festas importantes da cultura afro-brasileira, como a celebração do dia de Cosme e Damião, no final de 2020. “Nós seguimos todos os protocolos e conseguimos arrecadar doces e outros itens para distribuir entre as crianças, resgatando também o diálogo sobre intolerância religiosa”, explica Suelen Souza, co-fundadora do projeto.
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Foto: Reprodução/Instagram
“Para incentivar a leitura, que a gente sabe que não é tão acessível para quem mora na periferia, o coletivo organizou ações de distribuição de livros”, relembra Suelen, pontuando que os próprios integrantes do coletivo tiveram contato tardio com a literatura.
“Os livros foram destinados também para as crianças que estavam afastadas das atividades escolares e não tinham outras atividades recreativas em casa”, complementa.
Ampliação das atividades e aumento de casos de Covid-19
Com a piora dos casos de Covid-19 em todo o país, os moradores da comunidade entraram para as estatísticas do aumento de insegurança alimentar e do desemprego. “A frente é um diferencial porque nós conhecemos as demandas do bairro e também as possibilidades para realizar as ações”, argumenta a voluntária e moradora do bairro, Ana Ventura, que atua na organização das arrecadações de alimentos e equipamentos de proteção individual.
O contato com os moradores da periferia, que precisam de auxílio, é feito principalmente por meio das redes sociais, embora algumas ações de distribuição de alimentos precisam ser feitas presencialmente. “O uso das redes sociais é um ponto fundamental para criar conexões com outras frentes e ter contato para receber doações e arrecadações”, pondera Suelen.
Foto: Reprodução/Instagram
Além dos impactos positivos às pessoas beneficiadas, o trabalho do coletivo impacta também os voluntários. Para Leandro Ferreira, que nasceu e cresceu na comunidade, ter que lidar com os números alarmantes e a morte de muitas pessoas próximas é doloroso. “Eu pude auxiliar de alguma forma mesmo sem recursos para ajudar. Essa experiência mudou minha perspectiva de luta”, conclui o morador.