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‘Leis serão aplicadas’, diz representante da Liga Nacional de Basquete sobre Tratado Antirracista

O Tratado Antirracista Pela Diversidade propõe uma série de protocolos de segurança e ações de combate a crimes contra minorias
A imagem mostra os presentes no lançamento do Tratado Antirracista Pela Diversidade da Liga Nacional de Basquete.

Foto: Yuri Reuters/Liga Nacional de Basquete

12 de abril de 2024

“Não é uma ação de marketing, é um programa de combate ao racismo, feito por pessoas com conhecimento de causa e lugar de fala para que as leis brasileiras serão aplicadas dentro e fora das quadras”, assim definiu Rafael Rocha Garcia, chefe do departamento de ESG — sigla em inglês que representa uma métrica institucional de alinhamento empresarial a causas ambientais, sociais e de governança — sobre o que é o Tratado Antirracista Pela Diversidade, lançado pela Liga Nacional de Basquete (LNB) nesta quinta-feira (11). 

A iniciativa pioneira nos esportes brasileiros é um acordo entre os 19 clubes que compõem o Novo Basquete Brasil (NBB), maior campeonato do país. O tratado estabelece protocolos de assistência a vítimas de discrimininação racial, violência contra a mulher, pessoas LGBTQIA+, xenofobia e capacitismo em jogos da liga. A instituição se propõe a treinar colaboradores, arbitragem, atletas e pessoas que atuam nos jogos sobre como agir diante de uma ocorrência.

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Em sua fala de apresentação do tratado, Garcia ressaltou que, embora entenda que o racismo tenha diversas facetas, o tratado vai atuar na esfera da tipologia, que é o racismo recreativo, religioso e esportivo. 

“Quando tratamos do racismo na esfera da tipologia passamos a mensagem de que ‘o racismo não é uma discussão moral, é uma discussão analítica’. Eu saio da moralidade de ‘se é ou não é um caso de racismo’, e digo que o racismo existe e é esse caminho que a gente vai seguir. Então, tenho ações diretas ao combate”, disse, em entrevista exclusiva à Alma Preta.

Segundo o chefe de ESG da LNB, em caso de uma ocorrência de violência o protocolo diz que o primeiro passo é acolher a vítima, em seguida um agente da liga recebe a denúncia em um processo de escuta ativa e aconselha sobre os possíveis caminhos para que a denúncia formal seja feita. Ele reforça ainda que os atores no combate ao racismo estão orientados a informar sobre a importância da queixa e em não desmotivar a vítima na continuidade do procedimento.

“Apesar de eu não ter lugar de fala nas outras causas minoritárias, eu tenho mecanismos para a proteção, por isso que o tratado se estende às demais causas. A intenção é que depois desse ciclo de proteção, encaminhamento e julgamento, ele gere educação e não o processo contrário”, diz. 

Colaboração coletiva

Durante coletiva de imprensa, representantes de coletivos de basquete de rua, da liga profissional, de campeonatos de freestyle e enterradas e influenciadores negros apresentaram seus pontos de vista sobre como melhorar o atual tratado. 

O espaço foi aberto para sugestões de possíveis ajustes, opiniões e críticas sobre o tratado. Paola Alessandra, representante do basquete feminino de rua, questionou sobre o que a LNB poderia fazer para implementar as ações de combate ao racismo nas quadras de parques e bairros periféricos. E, apesar de não ter sido uma ação definida ou prevista no tratado, a liga se dispôs a criar mecanismos específicos para isso. 

“Esse diálogo entre a liga e o basquete de rua deve ser uma discussão de duas vias, com feedbacks, já que a teoria e a prática são completamente diferentes. Por isso é importante que as próximas gerações não tenham tanta essa dificuldade de acessar espaços por conta do machismo, principalmente, e do racismo”, disse Paola. Ela atua desde 2015 em coletivos de promoção do basquete feminino e há 17 anos é jogadora.

Sidney Gabriel, criador de conteúdo do canal Dois Por Cento, também esteve no evento de lançamento do tratado. Ele é um dos mais conhecidos influenciadores no mundo do basquete no Brasil, desde a sua atuação para eventos de rua, como por ter tido a oportunidade de ir a jogos da NBA e conhecer atletas renomados.

Para ele, a importância de um tratado como esse é que na NBA a liga decide por ela mesma o que será feito em casos que não condizem com as diretrizes do campeonato, já no Brasil, as leis que atendem casos raciais precisam ainda de uma iniciativa própria para combate. 

“É uma semente plantada neste primeiro encontro e que em breve estará na boca do povo. O basquete sempre foi muito de união e esse é um ótimo momento para que possamos nos reunir em prol dessa questão racial”, finaliza. 

O Tratado Antirracista Pela Diversidade está disponível no site da Liga Nacional de Basquete. Os protocolos de combate entrarão em vigor ainda em abril de 2024 com campanhas, QRcode informativo por todos os ginásios dos clubes que compõem o campeonato. 

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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